Título: Falta de agenda legislativa
Autor: Rothenburg, Denise ; Silveira, Igor
Fonte: Correio Braziliense, 19/06/2011, Política, p. 2

O governo da presidente Dilma Rousseff chega ao fim do primeiro semestre sem uma agenda legislativa envolvendo reformas estruturais, como a tributária, previdenciária, trabalhista e política, para o país. O Congresso aprovou várias medidas provisórias, como a do trem-bala, da Autoridade Pública Olímpica (APO) e a Secretaria Nacional de Aviação Civil. Mas os principais embates políticos ¿ MP do salário mínimo e o Código Florestal ¿ são heranças do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. "O governo Dilma tem seis meses para dizer a que veio", alertou uma liderança petista no Congresso.

A preocupação do parlamentar é fundamentada. Apesar dos mandatos presidenciais terem a duração de quatro anos, o governo precisa encaminhar o maior número de projetos logo após a posse para aproveitar o capital político vindo das urnas e a boa vontade do Congresso recém-eleito. Em 2003, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou a vitória retumbante que obteve nas urnas e remeteu ao Congresso, ainda no primeiro semestre, as reformas da Previdência e Tributária. Ambas se perderam pelos corredores do Congresso. Lula conseguiu aprovar apenas a taxação de 11% dos inativos.

Nada de agradecer No segundo ano, os deputados voltam-se para as eleições municipais, começando com as convenções partidárias no primeiro semestre e as disputas em si no segundo. No terceiro ano, o Congresso retoma as atividades com uma legião de parlamentares insatisfeitos com o governo por terem sido derrotados nas eleições para prefeito, o que normalmente provoca instabilidade na base aliada. Por fim, o quarto ano é totalmente voltado para as eleições presidenciais e estaduais.

A falta de agenda não é o único problema. "Dilma também precisa aprender a agradecer ao Congresso. Aprovamos a MP com as novas regras para a Copa do Mundo. No dia seguinte, Dilma ignorou a vitória durante o discurso no Palácio do Planalto", lamentou um petista, referindo-se ao pronunciamento da presidente no lançamento do Minha Casa, Minha Vida 2.