Ex-presidente da Câmara e um dos mais cotados para disputar a presidência da Casa em 2015, o deputado federal Marco Maia (PT-RS) enviou ontem uma carta a um encontro da bancada do PT, em Brasília, informando que não será candidato. Caso a desistência se confirme, restam na corrida interna os nomes: do vice-presidente da Casa, Arlindo Chinaglia (SP); do ex-líder da bancada José Guimarães (CE); e do ex-ministro de Lula e deputado eleito Patrus Ananias (MG) — para concorrer com Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Nos bastidores, a disputa se dá entre as correntes Movimento PT (MPT), de Chinaglia, e Construindo um Novo Brasil (CNB), integrada por Guimarães. O partido também oficializou uma comissão destinada a negociar com as outras bancadas da Casa.

Ontem, o grupo reunido em torno de Chinaglia chegou a marcar uma reunião prévia ao encontro da bancada, que ocorreria na casa do deputado Geraldo Magela (DF), no Lago Norte, mas o convescote foi cancelado de última hora. O anúncio da desistência foi feito pelo líder do partido, Vicentinho (SP). “O nosso companheiro Marco Maia acaba de nos enviar uma carta, que eu acabei de ler aqui na bancada. Ele está totalmente disposto a contribuir com a experiência que ele tem, com a capacidade que ele tem, mas ele… não é candidato à presidência da Câmara”, disse. Segundo parlamentares, o objetivo é que o nome seja escolhido até o dia 28 deste mês, quando começa a reunião do Diretório Nacional do PT em Fortaleza (CE).

Vicentinho, da CNB, será um dos integrantes da comissão oficializada ontem. Além dele, participarão do grupo o próprio Marco Maia, que integra a corrente Socialismo XXI; José Guimarães, da CNB; Chinaglia e Magela, ambos ligados ao MPT. Nos bastidores do grupo Movimento PT, a leitura é de que Maia abriu mão da candidatura em apoio a Chinaglia. Reforça essa hipótese a aliança entre as duas correntes em 2011, na eleição de Rui Falcão para a presidência do PT; e o fato de o próprio Chinaglia ter retirado o nome da disputa para apoiar Maia, em 2010. Já entre os parlamentares da CNB, a aposta é de que a saída de Maia é “conversa para boi dormir”.

Acordo
Sob os holofotes, Chinaglia nega que haja disputa entre correntes. “Qualquer um pode articular para que outro o cite, hipoteticamente. ‘Fala que aquele outro também é candidato’. Agora, o choque de realidade é ir conversar com os deputados. Aí você vê de fato quem é que tem alguma chance numa disputa”, diz o deputado. “Na disputa pela presidência não existe acordo entre tendências, nem acordo de cargos, do tipo ‘eu saio para presidente e você sai para líder da bancada’. Não tem isso.” A liderança da bancada é apontada como um dos postos que poderiam ser oferecidos a Maia, no caso de vitória de Chinaglia.

O líder Vicentinho também negou que a montagem do próximo ministério vá influenciar na disputa pelo controle da Casa. “O governo não terá participação na disputa pela presidência. O Legislativo é um poder independente. A presidente Dilma não fará qualquer interferência na disputa pela presidência da Câmara”, disse. Esta semana, contudo, ele esteve acompanhado de Fontana e do líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), em uma reunião com o vice-presidente Michel Temer (PMDB). Segundo o Correio apurou, na pauta informal do encontro estavam os esforços de desconstrução da candidatura do líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ).


Calendário
Confira as últimas articulações e os próximos passos do PT para indicar alguém para a disputa da presidência da Casa:

6 de novembro
A bancada petista nomeia uma comissão encarregada de conversar com os demais partidos. O grupo é formado pelos deputados Vicentinho (SP), líder na Câmara; por Arlindo Chinaglia (SP); por Marco Maia (RS); por José Guimarães (CE) e por Geraldo Magela (DF).

13 de novembro
Essa comissão repassa à bancada informações sobre o andamento das conversas.

18 de novembro
O grupo de parlamentares fará uma reunião fechada para avaliar o andamento dos trabalhos, segundo um dos participantes. Também ouvirão Marco Maia, o que não foi possível ontem.

28 e 29 de novembro
Ocorrerá a reunião do Diretório Nacional do PT em Fortaleza (CE), da qual participarão vários parlamentares e a presidente Dilma Rousseff. É considerada a data limite para a apresentação do nome do PT na briga pela presidência da Câmara.