Com a publicação no Diário Oficial de União da exoneração de Marta Suplicy do Ministério da Cultura, ontem, a petista retomou oficialmente o mandato como senadora. Apesar de a presidente Dilma Rousseff não ter visto “nada de errado” na polêmica carta de demissão de Marta, as críticas à condução da política econômica por parte da ex-prefeita de São Paulo despertaram desconfiança de que ela estaria de olho nas disputas municipais em 2016 — seja pelo PT ou por outra legenda.

Questionado pela imprensa, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, minimizou as especulações sobre as aspirações da senadora. “A Marta não vai fazer isso. Ela é uma companheira valorosa e se quiser mesmo ser candidata tem espaço e pode se submeter ao processo de escolha no partido”, opinou. “Nas duas vezes em que quem pleiteava a reeleição, foi substituído não deu certo”, completou, citando os casos do Rio Grande do Sul — em que o governador Olívio Dutra perdeu as prévias para Tarso Genro, derrotado nas urnas —, e do Recife — onde o prefeito João da Costa deu espaço para Humberto Costa, não eleito.

Marta sabe, portanto, que são pequenas as chances de o PT abrir mão de tentar a reeleição do prefeito Fernando Haddad. Além disso, a disputa interna no partido tende a ser evitada por gerar desgaste para ambos. Por isso, especula-se que uma mudança de legenda não estaria descartada. Quanto a isso, Falcão lembrou que a última a trocar de sigla, Luiza Erundina, que migrou para o PSB, angariou apenas 3,9% dos votos na disputa municipal pela nova legenda, em 2004, apesar de já ter sido prefeita de São Paulo.

Mesmo com a retomada do mandato, Marta engrossou ontem o grupo dos senadores ausentes em uma quinta-feira com baixíssimo comparecimento ao Senado. A expectativa é de que a petista retorne aos trabalhos na próxima semana. O suplente, Antônio Carlos Rodrigues (PR), reassumiu ontem o mandato de vereador em São Paulo. No gabinete que será reocupado pela petista, os funcionários de Rodrigues trabalharam normalmente, mesmo com a expectativa de mudanças nos quadros.

“Ela é uma companheira valorosa e se quiser mesmo ser candidata tem espaço e pode se submeter ao processo de escolha no partido”
Rui Falcão, presidente do PT.