Criado pela ONU, dia internacional de combate à violência contra jornalistas cobra governos

Na comemoração do Dia Internacional pelo Fim da Impunidade dos Crimes contra Jornalistas, hoje, a Associação Nacional de Jornais (ANJ) aderiu à campanha mundial que une organizações internacionais como os Repórteres Sem Fronteiras (França), a Press Emblem Campaign (Suíça), a Federação Internacional de Jornalistas (Bélgica) e oComitê pela Proteção dos Jornalistas (Estados Unidos).

A data foi criada, no ano passado, por uma resolução das Nações Unidas na qual se recomendou aos seus países-membros “que adotem medidas concretas para eliminar a atual cultura deimpunidade”. O2 denovembro foi escolhido porque, exatamente nesse dia, em 2013, foram assassinados no Mali dois jornalistas franceses, Claude Verlon e Ghislaine Dupont.

“O assassinato de jornalistas no exercício da profissão aumentou nos últimos anos, inclusive no Brasil”, adverte a ANJ emnota sobre a data. “E o que é mais grave: na maioria dos casos, os autores materiais e os mandantes permanecem impunes”, acrescenta o texto, assinado pelo vice-presidente da associação e responsável por seu Comitê de Liberdade de Expressão, Francisco Mesquita.

Proteção aos Jornalistas, a entidade lembra que em 2014 já foram mortos 41 jornalistas por motivos identificados comsua atividade. Em 2013, foram registrados 70 casos.

No Brasil, foram 19 assassinatos desde 2008. Em2 014, 3 profissionais perderam a vida. A ANJ “associa-se a esse movimento mundial” e menciona que o combate à impunidade “não é uma medida em defesa dos profissionais de imprensa, mas do direito de todo cidadão a ter livre acesso à informação”.

Militância. Para marcar o dia, a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) criou a campanha #FightImpunity – que permite a qualquer internauta enviar mensagens a chefes de Estado de países onde ocorreram violências contra jornalistas.

Ao apresentá-lo, a entidade expõe dez casos ocorridos no mundo todo, em que ficam evidentes as falhas da polícia ou da Justiça na tarefa de puniros criminosos. Os dados levantados pela RSF apontam que “cerca de 800 jornalistas” foram mortos em serviço em uma década.

Em outra iniciativa, a Federação Internacional de Jornalistas conclama os governos de todo omundo a aderir a essa luta. “Há muita coisa a se fazer. A única opção inaceitável é não fazer nada”, afirma o presidente da IFJ, Jim Boumelha. A entidade anuncia, para as próximas semanas, outras ações – entre elas vídeos e atos em redes sociais.

No comunicado sobre a criação do dia, a Unesco lembrou que menos de 6% dos 593 casos de assassinatos registrados entre 2006 e 2013 foram resolvidos e que, apesar dos pedidos de sua diretoria, 60 %das solicitações de informação sobre os processos foram ignoradas por autoridades judiciais.

Em Paris, anteontem, o chancele rLaurent Fabius disse que a busca de culpados pela morte dos dois jornalistas franceses no Mali “está em uma fase decisiva” e as mortes “não ficarão impunes”. / GABRIELMANZANO