BRASÍLIA E SÃO PAULO

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), reagiu às acusações do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, de que a oposição quer transformar a sétima etapa da Operação Lava-Jato num 3º turno eleitoral. Sem citar o nome do ministro, Aécio disse que é o governo federal que está tentando dar conotação política às investigações da Polícia Federal. Em nota, o tucano "lamenta" essa posição do governo e diz que o PSDB cobra a "rigorosa apuração do escândalo".

"O PSDB lamenta que, neste momento, o governo federal, através de suas autoridades, insista em tentar dar tratamento político a um caso que é, eminentemente, de polícia. O PSDB reitera a posição de defesa intransigente da rigorosa apuração do maior escândalo de corrupção da história do país, através da Operação Lava-Jato. As oposições continuarão vigilantes e mobilizadas no acompanhamento das investigações da Polícia Federal e do Ministério Público, e esperam que todos que atuaram nesse esquema criminoso sejam efetivamente responsabilizados", disse Aécio, em nota divulgada pelo PSDB pouco depois da entrevista de Cardozo.

O senador disse que é preciso identificar os agentes públicos que participaram do esquema de corrupção na Petrobras.

"Para o partido e as oposições, tão importante quanto responsabilizar diretores da Petrobras que se transformaram em operadores do esquema, ou empresas que dele participaram, é identificar e punir os agentes públicos que permitiram o irresponsável aparelhamento da empresa e criaram as condições necessárias para a expropriação de recursos públicos, para dele se beneficiarem direta ou indiretamente", disse Aécio.

FH cobra afastamentos

O tucano ainda criticou o Ministério da Justiça por ter aberto inquérito contra os delegados da Polícia Federal que manifestaram, por meio de mensagens eletrônicas, apoio à sua candidatura à Presidência.

"Não contribui para o livre encaminhamento das investigações a injustificada iniciativa do ministro da Justiça de abrir inquérito contra delegados da PF que participam da operação, pelo simples fato de terem exercido o direito constitucional de manifestação política em suas redes sociais privadas".

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também rebateu ontem as afirmações do ministro da Justiça. Depois de participar de um evento em São Paulo, ele disse querer "a verdade" sobre o esquema desmontado pela operação Lava-Jato. E comentou que o governo deveria afastar do cargo todos os envolvidos.

- Até agora ninguém foi afastado. (...) Basta ter acusação para dizer: olha, o senhor se afasta e prova a sua inocência. Enquanto está no cargo, dá a impressão de que o governo não acreditou muito no que está acontecendo - afirmou, para completar: - O Brasil precisa de esclarecimentos, não é a oposição. Acabou a eleição. Então, pare de dizer que a oposição quer isso ou aquilo. A oposição, como qualquer brasileiro, só quer uma coisa: a verdade.

O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP) considerou "gravíssimas" as declarações de Cardozo. Ex-ministro da Justiça, Aloysio disse que Cardozo deveria deixar o cargo e assumir a condição de militante petista. E acrescentou que a oposição continuará atuante, e que o governo Dilma está desgastado.

- A presidente Dilma não terá um minuto de sossego, porque esse é nosso papel como oposição - disse o senador.