Os candidatos Dilma e Aécio, apesar das aparências, são mais semelhantes do que diferentes. Os grupos econômicos que sustentaram os dois candidatos são os mesmos: o agronegócio, as empreiteiras, as empresas de mineração, os bancos. As diferenças não são muitas. O PT tem uma concepção desenvolvimentista, neo-extrativista, que reforça a reprimarização da economia. Prioriza o Estado como fomentador do crescimento. É corporativista e arcaico em matéria de gestão. O PSDB sofre influência da ideologia neoliberal, crê numa dinâmica virtuosa do mercado sem regulação. Defende uma gestão moderna sem priorizar direitos sociais.

Ambos, PT e PSDB, acreditam que a solução para o país é o crescimento econômico predatório dos recursos naturais, sem privilegiar qualidade de vida. E se houver índios, meio ambiente ou Ministério Público atrapalhando, passam por cima. Com 39 ministros, o atual governo foi muito pior que seu antecessor.

Houve avanços, especialmente nos programas sociais que aumentaram a renda tanto nos estratos mais pobres como nos estratos mais ricos. Mas o baixíssimo crescimento econômico e a pressão inflacionária ameaçam a oferta de emprego e o poder aquisitivo do salário.

Em matéria de meio ambiente, a situação é dramática: favorecimento do agronegócio e multinacionais da biotecnologia, retomada do programa nuclear, grandes hidrelétricas na Amazônia, corpo mole no combate ao desmatamento para não contrariar pecuaristas, madeireiros e mineradores, incentivos à indústria automobilística em desconsideração ao grave problema das mudanças climáticas. E nenhum incentivo foi concedido a projetos de sustentabilidade.

Em relação aos direitos humanos, é bom não esquecer que os governos do PT evitaram a apuração dos crimes de tortura e assassinato cometidos pela ditadura. Em abril de 2014, a presidente Dilma manifestou-se publicamente contrária à revisão da Lei da Anistia. Os números de demarcações de terras indígenas decaem vertiginosamente (FHC demarcou mais que Lula e Lula mais que Dilma). As estatísticas de assassinatos de índios e sem-terra são alarmantes.

O PT permitiu que um homofóbico raivoso assumisse a Comissão de Direitos Humanos da Câmara. Dilma recebeu o apoio da Igreja Universal em troca de um acordo que desconhecemos mas que não é difícil imaginar. Daí sua postura recuada em matéria de aborto e casamento gay.

A corrupção sistêmica na Petrobras explica por que a Refinaria Abreu e Lima passou de 2,5 a 20 bilhões de dólares e a refinaria de Pasadena custou quase 1,5 bilhão, quando um ano antes custava 42,5 milhões. E Dilma aprovou essa transação sem ler o contrato, ou sem pedir que um assessor o fizesse, confiando apenas num parecer "técnico" de duas páginas e meia.

Se a presidente Dilma houvesse perdido, em 2018 provavelmente o PT ganharia a eleição. A vitória da Dilma significa - com nova roupagem - mais do mesmo nos próximos quatro anos. Em 2018, talvez Lula nem queira sair candidato e correr o risco de perder. Quem viver, verá.