BRISBANE, Austrália

Em reunião comanda pela presidente Dilma Rousseff, os líderes dos Brics - grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - cobraram das economias ricas mais esforços para reerguer a economia mundial. Num comunicado oficial após uma reunião na manhã de ontem em Brisbane, na Austrália, onde estão reunidos líderes das 20 maiores economias do mundo, o G-20, os Brics praticamente lavaram as mãos sobre sua responsabilidade pela situação atual da economia mundial, dizendo que os emergentes estão contribuindo com crescimento elevado "a despeito de circunstâncias adversas e dos impactos das políticas das principais economias avançadas, sobretudo as monetárias".

Segundo o comunicado, os "líderes tomaram ciência dos esforços do G-20, mas ressaltaram que é preciso fazer mais para sustentar a demanda global no curto prazo, especialmente por parte das economias avançadas, e para promover incremento do investimento e do potencial de crescimento de longo prazo". Os Brics afirmam que "investimentos e reformas econômicas são crucialmente importantes para aumentar a demanda e alavancar o crescimento de longo prazo". E garantem que "economias emergentes de mercado permanecem, em geral, bem preparadas para enfrentar choques externos".

discurso de dilma: 3 minutos

Os Brics se declararam desapontados e manifestaram "grave preocupação com a falta de implementação nas reformas do Fundo Monetário Internacional (FMI) de 2010". E alertaram para o impacto que isso poderá ter na legitimidade e na credibilidade da instituição. "A demora injustificada em ratificar o acordo de 2010 está em contradição com os compromissos conjuntos assumidos pelos líderes do G-20 desde 2009", queixam-se os Brics.

O grupo pediu que o G-20 marque uma discussão sobre "opções quanto aos próximos passos", caso os EUA não ratifiquem a reforma do FMI até o fim do ano. O comunicado começa dizendo que a criação do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) - o banco dos Brics - conduziu a cooperação entre os países do grupo para contribuir "para a estabilidade do sistema financeiro internacional".

Após o encontro dos Brics, o discurso de Dilma, o primeiro após a reeleição, para os líderes do G-20 durou três minutos. Mas a presidente não falou sobre o rumo que pretende dar à economia, disse um participante. Por ordem da presidente, seus encontros e conversas informais foram mantidos em segredo.

No breve discurso, Dilma repetiu a posição que Brasil e seus parceiros dos Brics haviam fechado na reunião que ocorrera na manhã de ontem. Ela destrinchou ainda as contribuições do Brasil ao plano que será lançado pelo G-20 hoje para reativar a economia mundial. Os líderes do G-20 vão encerrar o encontro de cúpula de Brisbane com uma promessa ambiciosa: gerar 2% de crescimento adicional no mundo nos próximos cinco anos. Para isso, cada país apresentou medidas que podem ser adotadas para ativar o crescimento nos seus países. No discurso, Dilma mencionou ainda o Pronatec, para a formação de milhões de alunos.

Dilma se encontra com obama

- Os países avançados não conseguiram uma recuperação consistente, e o comércio internacional não cresce o suficiente para estimular os países emergentes - disse Dilma, em seu discurso.

O G-20 vai lançar também um Hub (polo) para atrair e direcionar investidores para projetos de infraestrutura nos países do bloco. Dilma elogiou esta iniciativa no discurso. Ela encerrou sua intervenção repetindo a queixa conjunta dos Brics, de que é preciso encontrar solução ao bloqueio dos EUA à reforma do FMI, já que os países emergentes querem mais poder na instituição.

O Planalto informou ainda que Dilma teve uma conversa informal com o presidente americano Barack Obama. Segundo uma fonte, Dilma estaria disposta a retomar os preparativos para uma visita oficial aos EUA, que havia sido cancelada pelo Planalto depois do caso de espionagem feita pela Agência de Segurança Nacional dos EUA. Obama já pediu desculpas em várias ocasiões.

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