Todas as regiões metropolitanas brasileiras têm localidades com Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) muito alto (de 0,800 até 1) e nenhuma na faixa das piores taxas. Em 2000, por exemplo, 39% das Unidades de Desenvolvimento Humano (UDHs) do país estavam nas faixas mais baixas do IDHM. Em 2010, 2% estavam na categoria baixa e não existiam mais representantes na pior pontuação.

Com a queda na desigualdade geral, as disparidades entre as regiões do norte e do sul do país não são mais tão evidentes (leia Pelo país). Ainda assim, as diferenças intramunicipais continuam significativas. Na visão dos pesquisadores, o relatório colabora para corrigir preconceitos ao indicar que, internamente, as metrópoles brasileiras e os entornos delas têm características semelhantes.


Segundo o estudo, São Paulo abriga as cinco primeiras regiões do país: destaque para a Vila Madalena (Google/Reprodução) 
Segundo o estudo, São Paulo abriga as cinco primeiras regiões do país: destaque para a Vila Madalena 


O espaço entre o maior e o menor IDHM — São Paulo e Manaus — também diminuiu, passando de 22,1%, em 2000, para 10,3%, em 2010. O maior vão na área de educação foi encontrado entre São Luís e Manaus. Foi 0,737 contra 0,404 ponto de diferença entre o melhor e o menor desempenho em 2010. A variação entre as duas regiões metropolitanas ficou em 15,9%, o que representou uma queda em relação ao encontrado em 2000. Naquele Censo, a diferença entre elas era de 43%.

O representante-residente do Pnud e coordenador do Sistema ONU no Brasil, Jorge Chediek, avalia que o documento pode se tornar instrumento para aprimoramento de políticas públicas. “As disparidades são muito altas ainda. Em todas as regiões intramunicipais, existem áreas comparáveis a países da Europa e outras com níveis muito baixos. O esforço para promover a redução das desigualdades dentro das regiões metropolitanas se faz necessário”, afirma. Ainda assim, ele acrescenta que a tendência no país é de queda.

 

 

Diferenças na mesma região

 

 

Apesar da queda na desigualdade apontada pelo Atlas, o conceito de Unidades de Desenvolvimento Humano (UDH), criado para o relatório, escancara o nível das disparidades ainda existentes dentro das regiões metropolitanas. A renda per capita em uma das localidades pode ser até 47 vezes maior do que em outra, por exemplo. A esperança de vida ao nascer, 14 anos mais longa; e o percentual da população de 18 anos ou mais com ensino fundamental completo atinge 94% em uma região e apenas 21% em outra.

Do ranking do Atlas de Desenvolvimento Humano entre as UDHs, as cinco primeiras estão em São Paulo. Regiões da Vila Madalena, conhecida pela boemia, e da Vila Funchal integram a lista com 0,965. Icaraí, em Niterói, é a maior índice no Rio de Janeiro, com 0,962. Em seguida, outro endereço paulista: Higienópolis. Ainda assim, a realidade não se repete em toda a região metropolitana. O bairro de Jardim Capela, em São Paulo, por exemplo, tem IDHM de 0,625, sendo o menor valor da região. No quesito educação, fica com 0,518.

Em compensação, a Zona Rural Itacoatiara, em Manaus, tem o pior IDHM de todo o país: 0,501. As capitais do Norte e Nordeste ainda ocupam as piores posições do ranking de UDHs com índices baixos. Mas os dados mostram que 14 UDHs da região metropolitana de Manaus têm classificação muito alta: 0,930. O levantamento definiu 9.825 UDHs nas 16 regiões metropolitanas analisadas. 

“O Atlas é também um instrumento de empoderamento para uma sociedade que está cada dia mais atenta e participante”, diz a presidente da Fundação João Pinheiro, Marilena Chaves. “Com a possibilidade de conhecer melhor a própria região, o cidadão que mora numa UDH, mas trabalha em outra, percebe as diferentes realidades pelas quais passa ao longo do dia e, a partir daí, cobra pelo compartilhamento de políticas públicas”, completa.


Quando se desagregam os dados de acordo com os subíndices educação, longevidade e renda, alguns resultados chamam a atenção nacionalmente. O primeiro teve os maiores avanços em 2000 e em 2010. Apesar de o estado do Maranhão estar longe das melhores colocações no setor, São Luís obteve a melhor nota do país. “Uma explicação pode estar na força da capital. Então, a média da capital puxa a RM para o topo do ranking. No microcosmos, São Luís não tem nenhuma UDH na liderança, mas, na média, alcança o topo”, explica o coordenador do Atlas pelo Ipea, Marco Aurélio Costa.