Duas semanas depois de ser um dos principais pontos de divergência entre tucanos e petistas na reta final das eleições, a crise hídrica paulista pôs sentados ontem, à mesma mesa, a presidente reeleita Dilma Rousseff (PT) e o governador reeleito de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), a fim de tentar encontrar caminhos para solucionar o problema. Em reunião no Palácio do Planalto, Alckmin pediu ajuda a Dilma. De acordo com o tucano, são necessários R$ 3,5 bilhões para tirar oito obras estruturantes do papel. Segundo a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, que participou do encontro, a presidente pediu maior detalhamento do que foi apresentado, e o tema será discutido novamente na próxima segunda-feira, com técnicos estaduais e do governo federal.

Dilma quer cobrar do governo paulista com exatidão o papel de cada ente federado a partir de agora. Durante a campanha, a discussão sobre quem tinha responsabilidade sobre quais setores foi um dos pontos de atrito entre PT e PSDB. “É a primeira vez que o governo de São Paulo apresenta esse plano ao governo federal. Vamos ter uma conversa mais aprofundada para bater o martelo naquilo em que o Executivo federal ajudará o estado. Estamos muito preocupados com a situação, então estamos dispostos a contribuir com soluções”, disse Miriam. Segundo a ministra, se estiver clara a importância dessas obras para o abastecimento de água em São Paulo, o Planalto pode apoiar todo o montante. Para Alckmin, o recurso pode sair do Tesouro por meio de financiamentos.

Iniciativas 
O governador paulista negou que haja uma mudança de posição na relação com o Planalto. “Ao longo desses quatro anos, fizemos inúmeras parcerias com o governo federal e sempre fiz questão de destacar essas iniciativas, como o Rodoanel Norte, que é uma obra federal e estadual. Nós complementamos em São Paulo o Minha Casa, Minha Vida por meio do Casa Paulista. Colocamos até R$ 20 mil por unidade a fundo perdido”, disse. 

“Acabou a eleição, a população quer soluções concretas, e os recursos devem ir para onde há necessidade. Eu vejo que há, na vida pública, dois deveres para quem é oposição: divergir e interagir. Divergir naquilo que entendemos que não é adequado e interagir. Governo tem que interagir e fazer parcerias”, ressaltou Alckmin.

O governador negou ainda que haja risco de desabastecimento. “Não há esse risco, como repetimos desde o início do ano. Nós temos, em São Paulo, um sistema extremamente forte, nem entramos na segunda reserva técnica do Sistema Cantareira. O abastecimento está garantido e estará garantido no primeiro e no segundo semestre”, completou o tucano.