Pesquisadores da Universidade Católica de Brasília (UCB), em parceria com a Ouro Fino, empresa de saúde animal, desenvolveram, após 10 anos de estudos, um antibiótico para o setor de Avicultura. Os alunos do programa de pós-graduação em ciências genômicas e biotecnologia da universidade indentificaram uma bactéria, presente no solo do cerrado, que produz uma molécula natural e biodegravável eficaz no combate à bactéria Salmonella sem causar danos à saúde do animal ou deixar resíduos na carne do frango, prejudiciais ao consumo humano.

Ao contrário do que boa parte dos consumidores imagina, os maiores vilões da carne de frango não são os hormônios, mas os antibióticos que contribuem para o surgimento de micro-organismos cada vez mais resistentes a remédios. A solução encontrada tem foco em bactérias Salmonella, responsáveis por severas perdas na Avicultura, e que causam contaminação alimentar em todo o mundo.

De acordo com o coordenador do programa, Rinaldo Wellerson Pereira, o trabalho começou em 2004, quando a universidade indentificou técnicas capazes para a obtenção de micro-organismos com potencial de uso na saúde animal. "O problema principal para a criação de frango é a contaminação que apresenta alto índice", disse ."Utilizamos o solo do cerrado como matéria-prima para encontrar e purificar moléculas e desenvolver o medicamento para o tratamento dos frangos", afirma.

O coordenador explicou que esse é um antibiótico tão eficiente quanto os de uso rotineiro no setor. No entanto, a vantagem é que, nos testes, os pesquisadores não constataram resíduos na carne que recebeu o medicamento, além do baixo custo de produção.

Nesta semana, representantes da instituição e da empresa de saúde animal, assinaram contrato de licenciamento de tecnologia, que permitirá a comercialização do produto em larga escala. Segundo a coordenadora de Propriedade Intelectual da Ouro Fino, Milleni Garcia Michels, após a licença, a estimativa é que em dois anos o medicamento esteja disponível para a venda aos avicultores. "Vamos validar alguns testes para comprovar o efeito do antibiótico, ajustar a dose e a formulação para dar entrada no processo de registro", explica.

Rinaldo acredita que a experiência de sucesso encerrou um ciclo no processo de produção de conhecimento, que teve início no programa de mestrado e chegará ao mercado para beneficiar os consumidores.