A sucessão de denúncias de corrupção e notícias desastrosas mostrando queda das ações nas bolsas de valores e investigações abertas contra a estatal nos Estados Unidos e na Holanda aumentam as pressões sobre a atual diretoria da Petrobras, comandada por Graça Foster. Mesmo que as prisões e as acusações de superfaturamento e pagamento de propina estejam envolvendo, pelo menos até o momento, integrantes da diretoria anterior à atual, analistas e aliados do Planalto defendem a troca da equipe que comanda a estatal, como uma “maneira de limpar a área”. 

Aliados da presidente Dilma admitem a fragilidade de Graça Foster nesse momento. Apesar de um aumento na produção mensal de barris em outubro — foram 2,79 milhões de barris de óleo equivalente por dia (boed), informado pela própria empresa na terça-feira, 11 de novembro —, a Petrobras patina por causa da crise que se instalou na empresa a partir da deflagração da Operação Lava-Jato. “As pessoas estão com medo de assinar papéis, está complicado abrir novas licitações. A empresa está na maior crise dos últimos 50 anos”, confirmou um parlamentar com experiência no setor.

Isso acaba por refletir economicamente na estatal e, segundo analistas políticos e econômicos, Graça Foster tem encontrado dificuldades para se livrar da “nuvem negra” que paira sobre a Petrobras. As ações caíram 2,94% na última sexta-feira, dia em que a Polícia Federal deflagrou a sétima etapa da Operação Lava-Jato, levando à prisão 21 executivos das principais empreiteiras do país que tinham contratos com a estatal.

Quando o pregão abriu, a queda era de 5% após os dois fatos relevantes divulgados pela estatal para explicar o adiamento, por um mês, da publicação do balanço do terceiro trimestre. As notícias econômicas ruins não param de se acumular. “Se o preço do petróleo não se recuperar no cenário internacional, a exploração do pré-sal poderá tornar-se inviável”, vaticinou um parlamentar com bom trânsito na área. O mesmo parlamentar lembrou as investigações contra a Petrobras pelos órgãos reguladores americanos. “Se não tomarmos cuidado, eles (os americanos) podem suspender a negociações das ações da estatal na Bolsa de Valores de lá”, preocupa-se o aliado do governo.

Até o momento, a presidente Dilma Rousseff não fez qualquer menção a possíveis trocas no atual comando da Petrobras. Graças Foster e os demais diretores foram nomeados no início de 2012, substituindo justamente a gestão que trazia Renato Duque e Paulo Roberto Costa no corpo diretor — o primeiro foi preso na última sexta-feira e o segundo está em prisão domiciliar após um acordo de delação premiada com o Ministério Público.

“Mas não há como Foster permanecer, o clima tornou-se insustentável”, defendeu um analista com bom trânsito entre os órgãos federais. O perfil de um possível sucessor da atual presidente seria um quadro técnico, até porque esse não é o momento mais apropriado para indicações políticas. “Dilma teria que encontrar um bom quadro técnico em uma empresa que está ferida com as notícias negativas que se avolumam contra ela”, completou a fonte. 

Onda de boatos
Há duas semanas, circulou uma informação de que o ex-governador da Bahia Jaques Wagner seria um dos cotados. Rapidamente, no entanto, ele negou a possibilidade. Pessoas próximas ao petista confirmam que os boatos não fariam sentido. Até porque o ex-presidente da empresa José Sérgio Gabrielli assumiu a secretaria de Planejamento da Bahia. “Dilma não vai colocar outro baiano no cargo tão cedo”, brincou um interlocutor de Wagner. 

Para o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy — coincidentemente, baiano como Wagner e Gabrielli — Graça Foster perdeu toda a autoridade para comandar a estatal. “Ela já está há alguns anos na presidência e não identificou nada disso. Pelo contrário, ela compareceu ao Congresso só para dizer que estava tudo bem, inclusive na questão de Pasadena (a compra da refinaria no Texas). Há duas auditorias internas para examinar o caso, instaladas há seis meses, até agora sem qualquer resultado”, acusou o tucano.