Título: Peregrinação que pesa no bolso
Autor: Sakkis, Ariadne
Fonte: Correio Braziliense, 20/06/2011, Cidades, p. 17

Mas não são todos que conseguem a ajuda do Estado. A aposentada Maria Aparecida Pereira de Sousa, 45 anos, veio de Paracatu (MG) com o filho Ronaldo Pires de Oliveira na tentativa de que um médico examinasse a perna dele. No início do ano, Ronaldo sofreu um acidente de moto e teve o membro inferior operado, também no HRG. Da cidade onde mora até a unidade de saúde, são 213 km. Cada vez que precisa ir ao Gama, Maria Aparecida paga, por trecho, R$ 300 a um motorista particular. "Nem ambulância eles (a prefeitura da cidade) nos dão. Quando meu filho sofreu o acidente, a ambulância veio trazer e nos jogou na porta do hospital. Ninguém quer saber de nada. Em Paracatu, não tem assistência médica para os problemas mais sérios. A Secretaria de Saúde de lá é nota zero", critica.

Paracatu é a segunda cidade mineira que mais tem pacientes internados no DF. Fica atrás apenas de Unaí. Maria Oliveira Silva, 61 anos, acompanha o marido na permanência no HRG e se diz descrente das promessas feitas por políticos que comandam sua cidade, Lago Azul, e seu estado (GO). "Só quem promete e cumpre é Deus. O homem não cumpre."

De acordo com o secretário de Saúde de Goiás, Antônio Faleiros Filho, existe um plano de ação de médio e curto prazo que foi entregue ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em 11 de maio. O projeto prevê a recuperação e a construção de centros básicos de saúde e a criação de unidades de pronto atendimento (UPAs) em regiões estratégicas. As medidas estão orçadas em R$ 190 milhões, mas as partes ainda não fizeram a divisão dos recursos. "Há vontade política e compreensão por parte dos governos (do DF, Entorno e federal). Todos têm de se envolver", afirma Faleiros. (AS)