As regiões metropolitanas do Brasil apresentaram, entre 2000 e 2010, uma notável melhora no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) - que leva em conta a renda, a educação e a saúde. Isso significa que as perspectivas de crescimento pessoal se ampliaram para os moradores de todas as partes do País, mesmo nas áreas urbanas tradicionalmente menos desenvolvidas.

O IDHM é calculado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pela Fundação João Pinheiro, que definem "desenvolvimento humano" como "o processo de ampliação das liberdades das pessoas, com relação às suas capacidades e as oportunidades a seu dispor, para que elas possam escolher a vida que desejam ter". Em outras palavras, quem mora em regiões com alto desenvolvimento humano pode escolher o caminho que julgar melhor para a boa qualidade de vida.

Com esse critério em vista, a medida do IDHM é um intervalo entre 0 e 1 - quanto mais próximo de zero, pior é o desenvolvimento. No Brasil, 15 das 16 regiões metropolitanas analisadas tinham um IDHM inferior a 0,7 no ano 2000, isto é, apresentavam um índice de desenvolvimento entre baixo e médio. Somente São Paulo, naquele ano, estava na faixa acima de 0,7 (alto desenvolvimento). Passados dez anos, todas as regiões metropolitanas apresentavam IDHM considerado alto.

Além disso, a diferença entre o menor e o maior IDHM, isto é, entre Manaus e São Paulo, caiu de 22,1% para 10,3% no período, uma evidente redução de disparidade. Enquanto o IDHM da região metropolitana paulista cresceu 11,2%, o da capital do Amazonas subiu 23%, passando de 0,585 (baixo) para 0,720 (alto). Além disso, Manaus, que segue sendo a região metropolitana com o mais baixo IDHM, apresentou em 2010 um índice somente 3,15% inferior ao ostentado em 2000 por Curitiba, então a segunda colocada.

O quesito de maior evolução foi educação. Em 2000, São Paulo tinha o melhor índice, 0,592, contra 0,414 em Manaus, o mais baixo do País - uma diferença de 43%. Já em 2010, o maior índice é o de São Luís (0,737) e o menor continua a ser o de Manaus, com 0,636. A diferença caiu para 15,9%.

Esse avanço indiscutível resulta de um processo de desconcentração de renda e de investimentos públicos que começou com o controle da inflação e que tem nos programas de transferência de renda uma de suas marcas. No entanto, quando se trata de desenvolvimento, é preciso ter em conta que é mais fácil apresentar grande evolução quando se parte de uma base muito baixa.

A partir dos anos 80, o Brasil acelerou drasticamente seu desempenho no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), calculado pelo Pnud e que inspirou o IDHM. No período entre 1980 e 1990, aquele indicador apresentou crescimento médio anual de 1,16%, um dos maiores do mundo; já entre 1990 e 2000, a evolução foi de 1,10% ao ano; depois, entre 2000 e 2008, o IDH subiu 0,87% ao ano; e de lá para cá cresceu apenas 0,34% ao ano.

Há, portanto, um limite a partir do qual os programas públicos de transferência de renda são cada vez menos capazes de melhorar os indicadores de desenvolvimento humano. O IDHM agora divulgado mostra que, a despeito do enorme progresso até aqui obtido, persistem disparidades inaceitáveis dentro das regiões metropolitanas analisadas. Um exemplo é a renda. Na área mais rica da Grande São Paulo, ela é 39 vezes maior que na área mais pobre. Na região metropolitana de Manaus, essa diferença chega a 47 vezes. Em outro indicador, a expectativa de vida ao nascer varia até 12 anos dentro das regiões analisadas.

O relatório do IDHM enfatiza, com razão, que crescimento econômico "não se traduz automaticamente em qualidade de vida". No entanto, não se pode esquecer de que a continuidade da melhoria de vida em países em desenvolvimento como o Brasil só é possível quando há crescimento econômico robusto e sustentável.