Título: Mantega nega racha
Autor: Rothenburg, Denise
Fonte: Correio Braziliense, 21/06/2011, Economia, p. 12

As declarações do ministro da Fazenda, Guido Mantega, sobre a Petrobras mais uma vez acenderam o sinal de alerta no mercado e empurraram as ações da estatal para baixo. Ontem, em entrevista no Palácio do Planalto, Mantega negou divergências entre o governo e a diretoria e agiu como se o atraso na divulgação do plano estratégico para o período de 2011 a 2015 (o segundo desde maio) fosse um fato absolutamente rotineiro. Os papéis ordinários da companhia (com direito a voto) caíram 0,66% e os preferenciais (sem o direito) desvalorizaram 0,60%.

"Não há pontos divergentes. Você tem que fazer ajustes no cronograma, procurar reduzir custos e aperfeiçoar o planejamento. Dizem que há uma anormalidade, mas o processo é normal", afirmou o ministro.

O discurso de Mantega, porém, não foi bem aceito pelo mercado. "Ele fala como se estivesse mandando na Petrobras. Procura demonstrar força, mas falta sensatez", disse Sidnei Nehme, diretor da Corretora de câmbio NGO. Para o consultor Ricardo José de Almeida, os adiamentos frustram as expectativas dos acionistas que acreditaram na empresa. "Quem colocou dinheiro lá (na bolsa de valores) achando que ia render com os projetos do pré-sal, como ficam?", questionou. Há, no entanto, quem defenda a interferência. Um analista que preferiu o anonimato disse que o governo não deve agradar o mercado, e sim "administrar a fórmula de agir de maneira que não prejudique a Petrobras, nem atrapalhe o desenvolvimento do país."