Um acordo, ontem, entre parlamentares da oposição e do governo na CPI Mista da Petrobras impediu que fossem votados requerimentos como os de convocação da presidente Dilma Rousseff, do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do senador Aécio Neves, candidato derrotado do PSDB à Presidência, do senador Álvaro Dias (PSDB-PR) e de outras figuras de relevo do PT e do PSDB.

Na reunião fechada houve um momento tenso. O líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), e o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), discutiram. Foi quando a oposição tentou incluir entre os convocados o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, acusado de envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras.

Os governistas responderam então que convocariam Leonardo Meirelles, laranja de Youssef, que disse em depoimento que o ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra recebeu propina do esquema. Também foi levantada pela oposição a possibilidade de convocar a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), apontada pelos delatores Paulo Roberto Costa e Youssef como beneficiária de R$ 1 milhão do esquema destinados para sua campanha eleitoral em 2010. Mas nada disso vingou. O relator da CPI, deputado Marco Maia (PT-RS), explicou que o acordo envolve não ouvir políticos na CPI, seja de que partido forem.

— Nós tivemos um acordo, aceito por todos, de que nós, em função do prazo exíguo, não trataríamos da convocação de ninguém da política. Portanto, foram incluídos os tesoureiros dos partidos, os dirigentes partidários e os parlamentares — disse Maia.

PRAZO PARA EMPREITEIRAS

Com os políticos protegidos, a comissão aprovou o estabelecimento de um prazo de dez dias, após notificação, para que as empreiteiras envolvidas na Operação Lava-Jato respondam a uma série de questionamentos que serão encaminhados por deputados e senadores. Caso não respondam nesse prazo, a CPI decidiu que essas empreiteiras terão seus sigilos bancário, fiscal e telefônico quebrados imediatamente.

Também foi aprovada a requisição de documentos e contratos que façam parte da Operação Lava-Jato. Marco Maia anunciou que numa das sessões a serem realizadas será discutido o regime de contratação da Petrobras, que deve ser assunto do relatório final. A CPI marcou para 17 de dezembro a votação do relatório final.

Deputados e senadores apresentaram 497 requerimentos à CPI. Maia reconheceu que não tinha como serem votados todos. Depois de uma hora e meia de reunião fechada, oposição e governo definiram quem seria ouvido. Foram aprovadas convocações de Waldomiro Oliveira Neto, da M.O.; João Procópio Junqueira, da GFD; Márcio Andrade Bonilho, sócio da Sanko Sider; e Marcelo Barbosa Daniel, sócio do genro de Paulo Roberto Costa, entre outros citados.

A contadora Meire Poza, que trabalhou com o doleiro Alberto Youssef e tem colaborado com as investigações do escândalo, será novamente ouvida. Não houve acordo, porém, sobre a convocação do diretor da Petrobras Renato Duque e de Sergio Machado, presidente licenciado da Transpetro. Na próxima terça- feira, requerimentos sobre as convocações de ambos irão a voto.