O Banco do Brasil (BB) fechou o terceiro trimestre com lucro líquido de R$ 2,78 bilhões, incremento de 2,8% sobre os ganhos do mesmo período de 2013. Se excluídos eventos extraordinários, como a provisão de R$ 248 milhões para despesas com planos econômicos, o lucro recorrente do BB entre julho e setembro foi de R$ 2,885 bilhões, alta de 10,5%. Diante do resultado, as ações do banco despencaram 7,93%, a R$ 26,47.

Mesmo em bases não recorrentes, o avanço do lucro do BB ficou longe do salto de 35% no resultado contábil do Itaú, cujo lucro atingiu R$ 5,4 bilhões no período, e de 26,5% do Bradesco, de R$ 3,87 bilhões.

O maior banco do país teve o resultado afetado por um aumento acima do esperado nas despesas administrativas: nos nove primeiros meses do ano, elas já acumulam alta de 8,5%, acima da projeção do banco, de alta entre 5% e 8% neste indicador. Pesaram principalmente as despesas com pessoal, que cresceram 11,4% em relação a setembro de 2013.

- O dissídio (dos bancários) veio acima do que imaginávamos, algo pouco acima da inflação. Mas o reajuste foi de dois pontos além do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) - disse Ivan Monteiro, vice-presidente de Gestão Financeira e Relação com Investidores.

Expansão do crédito

Já na corrida pelo crédito, o BB conseguiu acompanhar os concorrentes privados. A carteira ampliada (que considera operações externas) atingiu R$ 732,7 bilhões, cifra 12,3% maior que o saldo de setembro de 2013. O Itaú Unibanco teve aumento de 11,5% nos financiamentos, e o Bradesco viu sua carteira crescer só 7,7%.

Apesar disso, o BB reviu para baixo as projeções para a evolução da carteira este ano. que era de alta entre 14% e 18%, para o intervalo de 12% a 16%.

- Eventos como a Copa do Mundo e as eleições atrapalharam as contratações de crédito, assim como o atraso no plantio de algumas culturas por causa do clima - explicou Monteiro.

O baixo crescimento da economia também foi citado pelo executivo como fator que vem inibindo a procura por financiamentos por pessoas físicas e jurídicas. Os financiamentos ao consumo do BB entre janeiro e setembro, por exemplo, cresceram apenas 6,9% ante o mesmo período de 2013.

- O crédito para pessoa física e o para micro e pequenas empresas certamente são os segmentos mais vulneráveis em cenários econômicos desafiadores como o que o país vive este ano - disse o executivo.

Mesmo com ganhos abaixo dos da concorrência privada, Monteiro afirmou que será mantida a estratégia de concentrar as operações de crédito no varejo em linhas de menor risco, como os empréstimos consignados, que rendem margens menores, e a adoção de mitigadores (seguros) para financiamentos às empresas.

Inadimplência em alta

A fatia do BB no mercado de crédito nacional também encolheu ligeiramente no trimestre passado: passou de 21,3% no final de junho, para 21,1%,

E a inadimplência aumentou. O índice de empréstimos do BB com atrasos superiores a 90 dias atingiu 2,09% da carteira no final de setembro. A parcela está em crescimento: era de 1,99% em junho, e 1,97% em março, na contramão dos bancos privados, que registraram quedas nos índices de calote.

- Esse movimento de alta na inadimplência não configura uma tendência, e o quarto trimestre, sazonalmente, é mais forte no segmento de crédito. Por isso, nossa expectativa é que ocorra uma estabilidade, ou até uma queda nesses indicadores - afirmou Monteiro, lembrando que, apesar dos recuos nas taxas de inadimplência, os concorrentes privados ainda ostentam índices muito superiores aos do Banco do Brasil.

- Nossos índices são menores que a média do sistema financeiro (de 3%) e vão continuar assim - disse.