Mesmo com queda nos últimos meses, o níquel caminha para terminar o ano como o grande destaque entre os principais metais não ferrosos. Usado no aço inox, o metal acumula até o momento uma forte alta de 17%. A principal razão para o aumento - que favorece empresas produtoras, como Votorantim Metais (VM) e Vale - foi a proibição das exportações de minérios na Indonésia, desde o início do ano.

A decisão do país teve como objetivo fortalecer a indústria de beneficiamento do minério e contribuiu para a redução da oferta. Consumidores elevaram as compras para garantir suprimento, o que impulsionou as cotações. O mesmo movimento é esperado para 2015, com as Filipinas seguindo a iniciativa indonésia. Assim, o níquel novamente deverá despontar com maiores altas do segmento, batendo alumínio, cobre, zinco, estanho e chumbo, acreditam analistas.

Na última semana, o presidente da VM, Tito Martins, avaliou o momento como "mais confortável" para os metais não ferrosos, em uma comparação com o minério de ferro. A matéria prima do aço acumula queda de 48% neste ano e as expectativas são de continuidade da trajetória de baixa no ano que vem. Para o níquel, os analistas estimam preços mais próximos de US$ 20 mil por tonelada em 2015, bem acima dos US$ 16 mil atuais, o que realmente garante conforto para as companhias. Um preço superior a US$ 12 mil por tonelada já rende ganhos para as produtoras locais, segundo fontes do mercado.

"Estamos mudando de direção. Já chegamos ao fundo do poço", afirmou Martins durante fórum da revista "Brasil Mineral", em São Paulo, que discutiu as perspectivas para o setor mineral. O presidente da VM destacou que não há grandes projetos de níquel e zinco com previsão de entrar em operação, o que é positivo pois significa que não haverá pressão do lado da oferta.

Para o alumínio, as expectativas de analistas do BNP Paribas, do Natixis e da Tendências Consultoria são de um preço próximo do atual, de quase US$ 2,1 mil por tonelada. O metal sobe 14% no ano. "A alta forte tem relação com os fechamentos de capacidade no Brasil e também em outros países", afirma Bruno Rezende, da Tendências. Com altos custos de energia e com a cotação do alumínio pressionada pelo aumento da oferta chinesa, diversas companhias desligaram fornos nos últimos anos.

Martins lembrou que o Brasil deve terminar 2014 com produção inferior a 1 milhão de toneladas alumínio primário, sendo que tem uma capacidade para 1,5 milhão. Na visão de Rezende, as empresas que mantiveram suas operações tendem a se beneficiar no ano que vem, com a possibilidade de direcionar a produção ao mercado doméstico e cobrar prêmios altos.

No mercado global, os analistas não esperam um salto forte do preço pois acreditam que os maiores cortes de produção já foram feitos. Do lado da demanda, a expectativa é de aumento tímido. "O cenário para economia mundial ainda é de pequena aceleração fora da China e de desaceleração na China. Não dá para esperar uma puxada grande", afirma o analista da Tendências.

Ao lado da valorização do dólar, a redução do crescimento chinês já afetou os preços dos metais em diversas ocasiões neste segundo semestre, principalmente do cobre, que segue com perspectivas mais negativas para 2015.