Todas as nove empresas alvo da Operação Lava Jato informaram nesta sexta-feira, 14, que estão colaborando com as investigações que apuram desvios em contratos com a Petrobrás. Advogados de duas delas questionaram as motivações das prisões. Uma das companhias colocadas sob suspeita criticou as “ações coercitivas” da Polícia Federal.
Em comunicado, a Odebrecht afirmou que a equipe de policiais obteve “todo auxílio” para acessar qualquer documento ou informação buscada ontem. “A Odebrecht reafirma que está inteiramente à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos sempre que necessário”, ressaltou a empreiteira no comunicado.
A OAS informou, por meio de nota, que foram prestados todos os esclarecimentos solicitados e dado acesso a informações e documentos requeridos na blitz.
A Construtora Camargo Corrêa ressaltou, também em nota, que repudia as ações coercitivas, justificando que a empresa e seus executivos “desde o início se colocaram à disposição das autoridades e vêm colaborando com os esclarecimento dos fatos”.
Na mesma linha, a Mendes Júnior explicou, por escrito, que está colaborando com as investigações da PF e “contribuindo para o acesso às informações solicitadas”.
Em nota, a Queiroz Galvão informou que suas atividades e seus contratos seguem rigorosamente a legislação em vigor e que a empresa está à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos.
A Galvão Engenharia mencionou em nota à imprensa que tem colaborado com todas as investigações e está permanentemente à disposição das autoridades. Na mesma linha, a UTC disse que colabora desde o início das investigações e continuará à disposição das autoridades para prestar informações.
‘Absurdas e genéricas’. O criminalista Fábio Semantob Tofic, que representa a Engevix, adotou um tom mais crítico às prisões e chamou de “presunções absurdas e genéricas” os motivos da ordem de prisão dos executivos. “Coloca-se todos os investigados na mesma vala comum, sem especificar a situação de cada qual”, afirmou.
Para Tofic, se as empresas quisessem obstruir as investigações, elas já teriam feito isso nos últimos seis ou sete meses. “É uma investigação pública e não se apresenta um único elemento que tenha contribuído para atrapalhar essa apuração”, argumentou o advogado.
Também crítico das motivações das prisões, o criminalista Mário de Oliveira Filho, que defende a Iesa, declarou que há meses a empresa entregou cópias de contratos firmados com a Costa Global, controlada pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa, acusado de participar d o esquema de propinas.
A Justiça decretou a prisão de Valdir Carrero, presidente da Iesa, mas ele não foi localizado pelos federais. Ainda assim, os agentes fizeram buscas e recolheram documentos na residência do executivo.
O advogado destaca que a ordem de prisão contra os executivos da Iesa foi decretada “depois que o ex-diretor declarou que os contratos com a estatal petrolífera eram frios”, o que não seria suficiente como “argumentação de decretação de prisão temporária”, na avaliação de Oliveira Filho. Para o criminalista, “estão misturando tudo”.