Título: Golpes sobem 25% no feriado
Autor: Martins, Victor ; Freitas, Jorge
Fonte: Correio Braziliense, 22/06/2011, Economia, p. 8

Para o comércio, os feriados prolongados, são sinônimo de boas vendas. Mas, por trás das comemorações está o aumento dos calotes. Pesquisa da consultoria Serasa Experian aponta que a incidência de ações fraudulentas ¿ uso de documentos roubados, repasse de cédulas falsas e outros crimes financeiros ¿ aumenta, em média, 25% em datas comemorativas, como a de Corpus Christi, resultando em um prejuízo arrasador para os caixas dos comerciantes. Esses períodos também se tornam ideais para que a inadimplência aumente no varejo, devido aos gastos impulsivos de parte dos consumidores.

"É preciso tomar cuidado. As pessoas costumam viajar nos feriados prolongados e, com compradores que não moram na cidade, fica mais fácil para os fraudadores. Além disso, as lojas lotadas dificultam algumas precauções que usualmente são tomadas. A tendência é de que os vendedores se dispersem", alertou o gerente de soluções antifraudes da Serasa, Celso Rodrigues, responsável pelo estudo. Ele ressaltou alguns cuidados para que esse tipo de golpe seja evitado. "É importante que o negociante sempre peça o documento original de identificação e verifique as informações fornecidas pelo comprador. Confirmar endereço e telefone também ajuda a evitar a prática", ensinou.

Adulteração O cheque é o campeão de prejuízos no varejo entre as formas de pagamento. "É a maneira mais prática para o estelionatário. Cartão e dinheiro são mais complicados de falsificar", esclareceu Rodrigues. Algumas lojas já adotaram restrições ao pagamento feito em cheque. É o caso da loja de informática e papelaria Quality. Somente no mês passado, o estabelecimento registrou calotes de R$ 5 mil. Depois disso, os donos apertaram o cerco contra os compradores inadimplentes. "Apenas empresas e servidores públicos que comprovem o cargo podem comprar dessa forma. As demais pessoas físicas não", explicou o gerente, Walisson Lucas Rodrigues. No caixa, ainda restam cheques devolvidos há quatro anos. "Muitos são resultado de adulterações. E o mais intrigante é que alguns aplicam golpes em pequenos valores, já recebemos até de R$ 150", relatou.

O especialista da Serasa Experian destacou que a restrição da forma de pagamento pode trazer resultados ruins e deve ser analisada pela loja. "Esse tipo de decisão pode trazer pontos negativos. Em primeiro lugar, há redução do número de clientes", argumentou. No entanto, ele frisou a importância de um filtro como estratégia para fugir dos golpes. "Ainda assim, deve-se estudar o caso do consumidor. Aceitar cheques apenas de pessoas que têm conta no banco há um bom tempo ou exigir uma garantia de pagamento são boas táticas", recomendou.