Ex-chefe de gabinete de Dilma, Giles foi secretário de Minas e Metalurgia - Alan Marques / Alan Marques/Folhapress

BRASÍLIA - Depois de passar uma semana no exterior, em viagem para participar de reunião do G-20 na Austrália, a presidente Dilma Rousseff retornou ao Brasil ontem e deve dar início às conversas para a montagem da equipe para seu segundo mandato. Além de definir o novo ministro da Fazenda, a presidente está determinada a tirar do PMDB o Ministério de Minas e Energia, diante do aprofundamento das investigações de um esquema de corrupção na Petrobras. O PTB, que deixou o governo Dilma para apoiar a candidatura de Aécio Neves (PSDB), já negocia seu retorno à Esplanada e o consequente reingresso na base aliada.

Diante da grave crise que atingiu a Petrobras, a presidente quer colocar no comando do Ministério de Minas e Energia alguém de sua confiança. O mais cotado é o seu ex-chefe de gabinete Giles Azevedo, um dos mais fiéis assessores, com quem convive e trabalha há mais de 20 anos. Geólogo, Giles foi secretário de Minas e Metalurgia quando Dilma comandava a pasta. Ele já vinha sendo citado por integrantes do governo e do PT para assumir esse cargo, mas sem muita convicção, já que Dilma também gostaria de tê-lo de volta como chefe de gabinete. Com o agravamento da crise, no entanto, a presidente conversou com Giles há poucos dias e aceitou a ideia de dar a ele vida própria na Esplanada dos Ministérios.

— Ela aceitou que Giles não volte para a chefia de gabinete, o que é um avanço, já que ela resistia muito a isso — disse um auxiliar presidencial.

Devido à devassa que está sendo feita pela Polícia Federal e pela Justiça na Petrobras, vinculada ao Ministério de Minas e Energia, integrantes do PMDB afirmam que a pasta virou um “pepino” e que o partido não faria questão de mantê-la. Mesmo assim, vão tentar uma compensação.

GRAÇA FOSTER INSUSTENTÁVEL

Outro problema para Dilma resolver é o que fazer do comando da Petrobras. Ela resiste em tirar Maria das Graças Foster, de quem é muito próxima, da presidência da empresa. Integrantes do governo avaliam, porém, que ela perdeu as condições políticas de permanecer no cargo e que estaria desgastada na própria empesa. Argumentam que a manutenção de Graça afeta a imagem da petroleira no mercado nacional e no exterior.

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— Por menos relação que tenha com a corrupção, Graça sofre o ônus da imagem — disse um integrante do governo.

Filiado ao PMDB pelo ex-presidente Lula, Josué Alencar, filho do ex-vice-presidente José Alencar, é cotado para assumir um ministério. No ano passado, ele brecou as sondagens para assumir o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), mas pessoas próximas afirmam que agora o cenário é outro. Isso porque, no ano passado, ele seria um ministro em final de governo, e agora teria perspectiva de ficar no cargo pelos próximos quatro anos.

Com as bênçãos do PTB, o presidente da Confederação Nacional da Indústria, Robson Andrade, está em campanha para emplacar o senador Armando Monteiro (PTB-PE) no MDIC. Apoiado pelo PT, Monteiro, ex-presidente da CNI, disputou o governo de Pernambuco este ano.