BRASÍLIA - O Ministério Público italiano entrou com um recurso ontem contra a decisão do Tribunal de Bolonha, que não extraditou o ex-diretor do Banco do Brasil (BB) Henrique Pizzolato, condenado no processo do mensalão. No documento, o MP da Itália também pediu que Pizzolato fique preso no Brasil, alegando risco de fuga na Itália.

O governo brasileiro tem prazo até amanhã para concluir seu recurso para o caso. Ele será apresentado à Corte de Cassações de Roma, última instância judicial na Itália. O recurso é elaborado em conjunto pela Procuradoria Geral da República (PGR), a Advocacia Geral da União (AGU) e o Ministério da Justiça, além de um escritório de advocacia italiano contratado para representar o Estado brasileiro no caso. Até que o recurso seja sacramentado, cada novo capítulo do imbróglio é levado em conta.

Julgamentos simultâneos

Os recursos apresentados pelo Ministério Público italiano e pelo governo brasileiro devem ser julgados juntos. Não há previsão para que isso ocorra. Caso a decisão de não extraditar Pizzolato seja mantida, ainda caberá ao governo italiano a última palavra.

Pizzolato foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 12 anos e sete meses de prisão, e a pagar multa de R$ 1,3 milhão, no julgamento do mensalão, por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato. Em setembro de 2013, ele fugiu do Brasil e foi para a Itália com um passaporte italiano falso no nome do irmão, Celso, morto em 1978. O ex-diretor do BB foi preso em Maranello, no norte do país, em 5 de fevereiro.

Depois do intrincado plano de fuga, o ex-diretor foi denunciado no último dia 10 pelo Ministério Público Federal (MPF) em Lages, Santa Catarina, por falsidade ideológica e uso de documento falso. O MPF também pediu sua prisão preventiva.

Dois meses antes de o então presidente do STF e relator do caso do mensalão, ministro Joaquim Barbosa, ter expedido 12 mandados de prisão, em 15 de novembro do ano passado, Pizzolato já estaria planejando fugir para a Itália, principalmente após o STF ter rejeitado os primeiros embargos de declaração do mensalão. Em carta divulgada em novembro do ano passado, ele disse ter fugido do Brasil para ter um julgamento mais justo.