O relato do delator deu base à sétima fase da Lava Jato, batizada de “ Juízo Final”, deflagrada sexta-feira, quando a cúpula das maiores empreiteiras do País e o ex-diretor de Serviços e Engenharia da Petrobrás Renato Duque, indicado pelo PT, foram presos.
Os termos de seu acordo traz também para o escopo das investigações dados de propina que teria sido distribuída em outras nove obras da Petrobrás realizadas nos governos Luiz Inácio Lula da Silva, a partir de 2003, e Dilma Rousseff, a partir de 2011.
Agora, o foco é o ex-diretor de Internacional da Petrobrás. Cerveró esteve no foco do caso Petrobrás quando a presidente Dilma Rousseff afirmou em março que aprovou a compra de Pasadena – em 2006, quando presidia o Conselho de Administração da estatal – com base em um parecer falho elaborado por ele.
Camargo, em sua delação, deu detalhes de empresas abertas pelo operador do PMDB no exterior por onde transitou dinheiro da propina. Um caso foi o pagamento de US$ 8 milhões para Baiano em duas empresas registradas em seu nome – a Techinis Engenharia e Consultoria recebeu depósito de R$ 700 mil; a Hawk Eyes Administração de Bens, R$ 2,6 milhões. Outras transferências foram realizadas.
Além de Camargo, um executivo da Toyo, Augusto Mendonça de Ribeiro Neto, afirmou também em delação premiada que o ex-diretor de Serviços e Engenharia Renato Duque – nome ligado ao PT na Petrobrás – recebeu propina referente às obras das refinarias Repav (São José dos Campos), Repar (Paraná) e Replan (Paulínia, SP), no complexo petroquímico Comperj (RJ) e nos gasodutos Cabiúnas e Gasoduto Urucu Manaus.
“Os depoimentos revelam pagamentos de propinas em obras da Petrobrás, como na Repav, Cabiúnas, Comperj, Repar, Gasoduto Urucu Manaus, Refinaria Paulínea a Renato Duque”, dizem os investigadores.
Os dois executivos apontaram ainda o nome de um ex-gerente da Petrobrás Pedro Barusco. A Lava Jato descobriu que Barusco mantinha US$ 20 milhões ocultos na Suíça.
Segundo os investigadores, os executivos narraram “todo o esquema de cartelização, lavagem e pagamento de vantagens indevidas a agentes públicos, confirmando não só a participação de Alberto Youssef e Paulo Roberto Costa, mas das demais empreiteiras e ainda o envolvimento de Renato Duque, diretor de Serviços da Petrobrás, e Fernando Soares, vulgo Fernando Baiano, outro operador encarregado de lavagem e distribuição de valores a agentes públicos”.
“É inquestionável a ativa participação de Renato Duque, Pedro Barusco e Fernando Soares nos fatos criminosos em apuração”, afirma a Procuradoria.
Camargo afirmou que no caso das sondas pediu a Baiano que “agendasse uma reunião com Nestor Cerveró, da qual participaria o executivo e representantes de duas multinacionais. “A reunião de fato ocorreu.”