O secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, afirmou ontem que não há “indicativo” de racionamento de energia, por parte do governo, em 2015. Segundo ele, as condições do sistema elétrico brasileiro hoje são bem diferentes, e melhores, em relação às observadas em 2001, quando houve um programa de corte de consumo de energia.

“Naquela época [2001] você teve que fazer racionamento, não havia dúvida. Mas, neste ano, não houve esses indicativos [de necessidade de racionamento]. Como não tem para 2015, como tem sido falado”, afirmou o secretário, durante o lançamento do “Caderno de Gás Natural FGV Energia”, na Fundação Getulio Vargas (FGV), no Rio.

Reportagem publicada ontem pelo Valor informou que um grupo de bancos de investimentos divulgou relatórios nesta semana alertando para o risco de racionamento em 2015, caso o volume de chuvas neste verão ocorra muito abaixo da média histórica.

Durante discurso na FGV, Zimmermann criticou a análise feita por pessoas que, segundo ele, não têm conhecimento suficiente sobre o assunto, para opinar sobre risco de racionamento.

“Antigamente, se falava que o Brasil tinha 200 milhões de técnicos de futebol. Hoje temos 200 milhões de especialistas de energia. Todo dia que abro o jornal vejo alguém falando que vai ter racionamento. E, no fundo, esquecem que energia é um assunto bastante complexo”, disse o secretário.

Apesar da aparente tranquilidade, Zimmermann disse que uma avaliação mais clara sobre o risco de racionamento em 2015 só poderá ser feita em abril, quando terminará o período chuvoso. “Você só pode fazer avaliação de risco melhor, quando acaba a estação chuvosa. Porque aí você sabe o quanto ficou no seu estoque e como você vai chegar [ao fim do ano]“.

Com relação ao preço da energia em 2015, Zimmermann afirmou que o custo de geração térmica deve ser semelhante ao deste ano, porém não citou valores. “A partir do momento em que já gerei no máximo este ano, se tiver que gerar no máximo em 2015, vou gastar o mesmo que neste ano, em custo de combustível”, disse.

Ontem, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) informou, em reunião interna com agentes, ter observado recuperação da vazão dos rios Madeira (RO), onde estão localizadas as usinas de Santo Antônio e Jirau, e Tocantins. O órgão também indicou a possibilidade de religar em dezembro quatro máquinas da segunda fase da hidrelétrica de Tucuruí, no rio Tocantins. A segunda fase da usina, de 4 mil megawatts (MW) de capacidade, está desativada por causa do baixo nível do reservatório. A potência total da usina é de 8.370 MW.

Segundo uma fonte, o diretor de Planejamento e Programação da Operação do ONS, Francisco Arteiro, informou na reunião que está prevista a entrada de uma nova frente fria no país, no início da próxima semana. O fenômeno terá influência sobre as bacias do Sul e Sudeste por cerca de três dias. Após os primeiros dez dias de dezembro, porém, ainda não há sinalização de precipitação intensa.

A reunião continuará hoje. À tarde o ONS divulgará projeções sobre chuvas em dezembro e nível dos reservatórios no fim do ano.