A Suzano Papel e Celulose planeja investir R$ 1,5 bilhão em suas operações em 2015, frente a R$ 1,75 bilhão do orçamento previsto para este ano, com o encerramento dos desembolsos referentes ao projeto de construção da nova fábrica de celulose, em Imperatriz (MA), que entrou em operação em 30 de dezembro do ano passado. Desse total, R$ 1,05 bilhão se refere a desembolsos com manutenção e R$ 50 milhões são relativos ao pagamento da segunda parcela da aquisição da Vale Florestar.

Um destaque no novo orçamento é o direcionamento de R$ 390 milhões para programas de competitividade, formado por projetos que não se repetem a cada ano. De acordo com o diretor financeiro da Suzano, Marcelo Bacci, esse programa vai gerar ganho anual de R$ 95 milhões, já a partir do ano que vem, no resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda). Dentre os projetos, afirmou o executivo, estão incluídos o novo digestor na fábrica de Suzano (o que reduz o custo de produção do papel), a primarização da atividade florestal e a modernização de equipamentos, como a instalação de uma nova máquina que reduz o consumo de pasta mecânica nas operações de cartões.
 
O programa prevê ainda alguns projetos de redução de raio médio das florestas - em São Paulo e Limeira, a companhia vai plantar 5 mil hectares de árvores, mais perto da fábrica- e a continuidade dos esforços de eficiência energética, que vão garantir que, já a partir do próximo ano, a Suzano passe a ser exportadora líquida de energia.
 
A companhia, porém, não considera uma nova rodada de investimentos em expansão orgânica no curto prazo, segundo seu presidente, Walter Schalka. Além do cenário de crescimento indisciplinado da oferta mundial da matéria-prima, contribui para a manutenção dessa postura o foco no processo de desalavancagem financeira. "Há indisciplina da oferta, o que vem gerando preços inadequados para remunerar o capital. A Suzano não olha, no curto prazo, investimentos orgânicos de aumento de capacidade" disse, em encontro com analistas e investidores.
 
Conforme Schalka, nesse cenário, a companhia vai olhar, no futuro, a consolidação do setor via fusão ou aquisição, com destaque para operações de combinação de ativos, uma iniciativa que deveria ser acompanha pelos demais produtores. "A desalavancagem não é a condição única para voltarmos a investir em expansão. Nas condições e preços de hoje, novos projetos não geram valor ao acionista. Então, os projetos de pellets e da nova fábrica [de celulose] no Piauí seguem suspensos", acrescentou.
 
O presidente da Suzano disse ainda que a companhia está avaliando possível novo aumento de preços da celulose, na esteira de reajustes já anunciados por outros produtores, entre os quais a chilena Arauco, de US$ 10 a US$ 20 por tonelada para o mercado chinês em dezembro. Desde outubro, a Suzano trabalha com novos preços de referência, de US$ 750 por tonelada na Europa, US$ 640 na China e US$ 840 na América do Norte.
 
De acordo com o diretor da unidade de negócios de celulose e papel da companhia, Carlos Aníbal, os fundamentos do mercado global de celulose seguem positivos, com retomada da demanda e níveis de estoques baixos nos consumidores e produtores. Porém, em razão do calendário apertado, é provável que um eventual novo aumento de preços somente seja aplicado a partir de janeiro. "Temos uma visão bastante positiva para 2015, especialmente no primeiro semestre", afirmou.
 
Conforme o diretor, além de não haver previsão de entrada de novas capacidades no período - os volumes adicionais da CMPC Celulose Riograndense somente devem chegar ao mercado no segundo semestre -, há possibilidade de novos fechamentos de fábricas de custo elevado, a exemplo do que ocorreu neste ano.
 
 
Decisão judicial pode liberar projeto de US$ 2,1 bi no Chile
 
O projeto de ampliação da capacidade de produção de celulose da Arauco no Chile, que pode envolver investimentos de US$ 2,1 bilhões, obteve uma decisão favorável na Justiça chilena nesta semana, segundo a imprensa local, o que libera a companhia a dar andamento aos estudos de viabilidade técnica e econômica para execução do empreendimento.
A Arauco planeja ampliar sua produção de celulose em mais de 40% por meio da instalação da terceira linha produtiva no sudeste do país, de 1,56 milhão de toneladas anuais, e da modernização da linha 2 (que produz fibra longa), elevando a 2,1 milhões de toneladas por ano a capacidade instalada na fábrica. Batizado Proyecto Modernización y Ampliación Planta Arauco (Mapa), o projeto prevê ainda a suspensão da linha 1 de produção da unidade fabril, que data da década de 70.
Segundo a imprensa chilena, a Suprema Corte confirmou uma decisão do Tribunal de Apelação de Concepción, que rejeitou recurso apresentado por comunidades Mapuche contra a execução do projeto. Uma decisão final sobre a expansão foi postergada para 2015, conforme sinalizou a direção da Arauco, em teleconferência para comentar os resultados do terceiro trimestre.
Representantes dos mapuches e de opositores ao empreendimento, porém, já sinalizaram que a luta contra a expansão da fábrica não está perdida e prometeram recorrer a outras instâncias, como o Terceiro Tribunal Ambiental, para evitar que os planos da Arauco, que integra as Empresas Copec S.A., se concretizem.
A Arauco é sócia da sueco-finlandesa Stora Enso na fábrica Montes del Plata, no Uruguai, que iniciou a produção de celulose de eucalipto em meados deste ano e, neste momento, está operando em ritmo de 80% da capacidade nominal, de 1,3 milhão de toneladas por ano.
 
 
 
Exportação de celulose tem alta 19,3% em outubro
 
No segmento de papel, o levantamento da Ibá, com base em dados preliminares, mostra que a produção local caiu 2,7% em outubro, frente ao mesmo mês do ano passado, para 877 mil toneladas. As vendas domésticas recuaram 1,5%, para 509 mil toneladas, enquanto as exportações encolheram 11%, para 146 mil toneladas.
As exportações brasileiras de celulose saltaram 19,3% em outubro, em relação ao verificado um ano antes, para 1,052 milhão de toneladas, segundo cenário setorial da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá), associação que reúne os produtores de celulose, papel, painéis e pisos de madeira e florestas no país. As vendas domésticas, por sua vez, cresceram 11,6% na mesma base de comparação, para 163 mil toneladas, enquanto a produção nacional, incluindo fibra curta, longa e pastas de alto rendimento, alcançou 1,465 milhão de toneladas, alta de 11,3%.
Diante disso, no acumulado dos dez primeiros meses do ano, as papeleiras brasileiras produziram 8,657 milhões de toneladas de diferentes tipos de papel, 0,3% abaixo do verificado em igual período do ano passado. As vendas domésticas ficaram praticamente estáveis e perderam apenas 0,1%, para 4,709 milhões de toneladas, e as exportações subiram 0,6%, para 1,56 milhão de toneladas.
Já a produção nacional de celulose foi de 13,581 milhões de toneladas em dez meses, 8,3% acima do verificado no mesmo intervalo de 2013. As exportações mostraram forte expansão, de 13,4%, para 8,804 milhões de toneladas, e as vendas domésticas tiveram crescimento de 5%, para 1,503 milhão de toneladas. Segundo a Ibá, as receitas de exportação de celulose, painéis de madeira e papel no ano totalizaram US$ 6,2 bilhões, com alta de 2%. "As vendas de celulose para a China, segundo maior mercado para o produto brasileiro, continuam em alta e somam US$ 1,4 bilhão, com aumento de 10% no acumulado do ano", informou.