Entre o cultivo e o consumidor final o mundo desperdiça 1,3 bilhão de toneladas de alimentos por ano, o equivalente a um terço do total destinado ao consumo humano, de acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). No Brasil, cerca de 40% das frutas e hortaliças cultivadas não chegam à mesa do consumidor, sendo as embalagens inadequadas um fator de peso na estatística. A fim de mudar essa realidade o Instituto Nacional de Tecnologia (INT) desenvolveu uma embalagem plástica para acondicionar frutas e hortaliças composta por uma bandeja reciclável e uma base articulada e retornável, totalmente inovadora.

As geometrias das bandejas são variadas e resultam do escaneamento em 3D de diferentes tipos e tamanhos de frutas. A base pode ser dobrada e armada com um simples movimento, o que facilita a logística, além de reduzir o tempo de montagem em relação às caixas convencionais. Os tamanhos disponíveis se adequam aos pallets nacionais e europeus, validando o uso da inovação, também, para exportações.

A estrutura da base é aerada e resistente, o que, segundo os designers do INT, minimiza o impacto nas frutas e reduz o desperdício ao longo da cadeia de venda e distribuição. As embalagens podem ser produzidas em PET transparente e reciclável, permitindo uma visualização 360º das frutas. A novidade chamou a atenção do mercado e ganhou o IF Design Award 2013, prêmio internacional de qualidade e excelência em desenho industrial.

A embalagem é um entre dezenas de exemplos de projetos lançados pela indústria nacional com alto grau de inovação, um diferencial que a cada dia ganha mais espaço nos estúdios. A mudança, contudo, é que hoje, ao contrário de um passado não muito distante, as embalagens são concebidas com o propósito de somar um desenho e visual atraente à maior funcionalidade no uso e garantia de vida mais longa aos produtos.

“A embalagem é o driver da inovação. Se o produto é diferente, a embalagem tem de ser diferente também e funcionar como uma ferramenta importante de venda”, afirma Thomas Reiner, sócio-diretor da Berndt+Partner, empresa de estratégia e inteligência corporativa e de negócios para a cadeia produtiva de embalagem. Segundo ele, é preciso cada vez mais entregar benefícios. Pesquisas revelam que 56% dos clientes pedem fornecedores inovadores em produtos, processos e serviços.

De acordo com Thomas Schneider, presidente da Organização Mundial de Embalagens (WPO, em inglês), o mercado de embalagens tende a crescer muito nos próximos anos, principalmente na África, onde o consumo ainda não é uma realidade para boa parte da população. “Enquanto na Europa e nos Estados Unidos os gastos com embalagem por pessoa são de US$ 500 por ano, na Ásia ainda é de US$ 5, com possibilidade de crescer, pelo menos 100 vezes mais”, afirma. “E, mesmo em mercados já saturados, há possibilidades de expansão. Os domicílios estão menores, demandando embalagens menores. No lugar de uma embalagem de 1 Kg, teremos três de 30 gramas cada, daí o novo impulso de crescimento do setor”.

O Brasil, por sua vez, figura entre os sete maiores mercados globais de embalagens. Estudo macroeconômico realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV) revela um crescimento de 1,41% na produção física em 2013, com faturamento de R$ 51,8 bilhões, um aumento de cerca de 11% em relação aos R$ 46,7 bilhões gerados no ano passado. Os plásticos representam a maior participação no valor de produção, correspondendo a 37,4% do total, seguido pelas embalagens celulósicas com 35% (somados setores de papelão ondulado com 19,4%, cartolina e papel cartão com 9,9% e papel 5,7%), metálicas com 16%, vidro com 4,8% e madeira com 2,5%.

“Em todos os segmentos, a indústria nacional vem se preocupando com a questão de trazer mais usabilidade às embalagens, como atender às necessidades do consumidor, impactar menos o meio ambiente, seja na redução do uso de insumos, seja no descarte”, afirma Eloisa Garcia, gerente do Grupo de Embalagens Plásticas do Centro de Tecnologia e Embalagens do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital)

Segundo a executiva, a linha de flexíveis evoluiu muito, a indústria do vidro trabalhou na questão do peso, a do aço em reduzir expressivamente a espessura das folhas, além da evolução grande no desenvolvimento de embalagens sustentáveis, criadas a partir de insumos gerados por fontes renováveis – um exemplo é a determinação da Tetra Pak em adotar polietileno verde em suas embalagens – além das mudanças no segmento de vernizes que, em boa parte dos casos, entram em contato direto com os produtos.

“A embalagem flexível vem se aperfeiçoando ano a ano na última década, a fim de dar mais qualidade à embalagem e maior tempo de durabilidade aos produtos”, diz José Paulo Victorio, presidente da indústria química COIM Brasil. “A embalagem inova e obriga toda a cadeia a adotar a mesma conduta”.

Diante desta responsabilidade, a COIM Brasil investiu em famílias de adesivos usados para unir as camadas das embalagens flexíveis, 100% a base de óleos vegetais, que já respondem por 30% das vendas na América Latina. A empresa criou, também, uma nova embalagem para seus insumos. Trata-se da primeira caixa de cartão octogonal de uma tonelada, que não exige logística reversa e não tem problemas de descarte.

Na visão de Eloísa Garcia, do Ital, embora a indústria nacional já tenha evoluído, há muito o que se investir em desenvolvimento de produtos e novas tecnologias. As embalagens inteligentes, que “dão” sinais da qualidade do produto, que avisam se o resfriamento foi desligado ou, ainda, com etiquetas de identificação por radiofrequência (RFID), ainda praticamente inexistem.

 

Fácil manuseio para abrir e aquecer é requisito básico

 

Entre o cultivo e o consumidor final o mundo desperdiça 1,3 bilhão de toneladas de alimentos por ano, o equivalente a um terço do total destinado ao consumo humano, de acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). No Brasil, cerca de 40% das frutas e hortaliças cultivadas não chegam à mesa do consumidor, sendo as embalagens inadequadas um fator de peso na estatística. A fim de mudar essa realidade o Instituto Nacional de Tecnologia (INT) desenvolveu uma embalagem plástica para acondicionar frutas e hortaliças composta por uma bandeja reciclável e uma base articulada e retornável, totalmente inovadora.

As geometrias das bandejas são variadas e resultam do escaneamento em 3D de diferentes tipos e tamanhos de frutas. A base pode ser dobrada e armada com um simples movimento, o que facilita a logística, além de reduzir o tempo de montagem em relação às caixas convencionais. Os tamanhos disponíveis se adequam aos pallets nacionais e europeus, validando o uso da inovação, também, para exportações.

A estrutura da base é aerada e resistente, o que, segundo os designers do INT, minimiza o impacto nas frutas e reduz o desperdício ao longo da cadeia de venda e distribuição. As embalagens podem ser produzidas em PET transparente e reciclável, permitindo uma visualização 360º das frutas. A novidade chamou a atenção do mercado e ganhou o IF Design Award 2013, prêmio internacional de qualidade e excelência em desenho industrial.

A embalagem é um entre dezenas de exemplos de projetos lançados pela indústria nacional com alto grau de inovação, um diferencial que a cada dia ganha mais espaço nos estúdios. A mudança, contudo, é que hoje, ao contrário de um passado não muito distante, as embalagens são concebidas com o propósito de somar um desenho e visual atraente à maior funcionalidade no uso e garantia de vida mais longa aos produtos.

“A embalagem é o driver da inovação. Se o produto é diferente, a embalagem tem de ser diferente também e funcionar como uma ferramenta importante de venda”, afirma Thomas Reiner, sócio-diretor da Berndt+Partner, empresa de estratégia e inteligência corporativa e de negócios para a cadeia produtiva de embalagem. Segundo ele, é preciso cada vez mais entregar benefícios. Pesquisas revelam que 56% dos clientes pedem fornecedores inovadores em produtos, processos e serviços.

De acordo com Thomas Schneider, presidente da Organização Mundial de Embalagens (WPO, em inglês), o mercado de embalagens tende a crescer muito nos próximos anos, principalmente na África, onde o consumo ainda não é uma realidade para boa parte da população. “Enquanto na Europa e nos Estados Unidos os gastos com embalagem por pessoa são de US$ 500 por ano, na Ásia ainda é de US$ 5, com possibilidade de crescer, pelo menos 100 vezes mais”, afirma. “E, mesmo em mercados já saturados, há possibilidades de expansão. Os domicílios estão menores, demandando embalagens menores. No lugar de uma embalagem de 1 Kg, teremos três de 30 gramas cada, daí o novo impulso de crescimento do setor”.

O Brasil, por sua vez, figura entre os sete maiores mercados globais de embalagens. Estudo macroeconômico realizado pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV) revela um crescimento de 1,41% na produção física em 2013, com faturamento de R$ 51,8 bilhões, um aumento de cerca de 11% em relação aos R$ 46,7 bilhões gerados no ano passado. Os plásticos representam a maior participação no valor de produção, correspondendo a 37,4% do total, seguido pelas embalagens celulósicas com 35% (somados setores de papelão ondulado com 19,4%, cartolina e papel cartão com 9,9% e papel 5,7%), metálicas com 16%, vidro com 4,8% e madeira com 2,5%.

“Em todos os segmentos, a indústria nacional vem se preocupando com a questão de trazer mais usabilidade às embalagens, como atender às necessidades do consumidor, impactar menos o meio ambiente, seja na redução do uso de insumos, seja no descarte”, afirma Eloisa Garcia, gerente do Grupo de Embalagens Plásticas do Centro de Tecnologia e Embalagens do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital)

Segundo a executiva, a linha de flexíveis evoluiu muito, a indústria do vidro trabalhou na questão do peso, a do aço em reduzir expressivamente a espessura das folhas, além da evolução grande no desenvolvimento de embalagens sustentáveis, criadas a partir de insumos gerados por fontes renováveis – um exemplo é a determinação da Tetra Pak em adotar polietileno verde em suas embalagens – além das mudanças no segmento de vernizes que, em boa parte dos casos, entram em contato direto com os produtos.

“A embalagem flexível vem se aperfeiçoando ano a ano na última década, a fim de dar mais qualidade à embalagem e maior tempo de durabilidade aos produtos”, diz José Paulo Victorio, presidente da indústria química COIM Brasil. “A embalagem inova e obriga toda a cadeia a adotar a mesma conduta”.

Diante desta responsabilidade, a COIM Brasil investiu em famílias de adesivos usados para unir as camadas das embalagens flexíveis, 100% a base de óleos vegetais, que já respondem por 30% das vendas na América Latina. A empresa criou, também, uma nova embalagem para seus insumos. Trata-se da primeira caixa de cartão octogonal de uma tonelada, que não exige logística reversa e não tem problemas de descarte.

Na visão de Eloísa Garcia, do Ital, embora a indústria nacional já tenha evoluído, há muito o que se investir em desenvolvimento de produtos e novas tecnologias. As embalagens inteligentes, que “dão” sinais da qualidade do produto, que avisam se o resfriamento foi desligado ou, ainda, com etiquetas de identificação por radiofrequência (RFID), ainda praticamente inexistem.