Os mascotes dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Rio 2016 que chegaram ao Brasil e foram apresentados ao público no fim desemana já encontraram pronto parte do cenário de telecomunicações que estará disponível aos atletas e visitantes durante o evento. A Cisco e a Embratel são as responsáveis pela infraestrutura. O orçamento do evento, a cargo dos organizadores, é de R$ 7 bilhões, dos quais 20%, ou R$ 1,4 bilhão, são para tecnologia da informação e comunicações (TIC).

A Cisco foi escolhida em uma licitação da qual participaram oito empresas convidadas pelo Comitê Olímpico Internacional e Comitê Rio 2016. A empresa vai fornecer toda a infraestrutura de rede: roteadores, switches, redes locais, 8 mil pontos de acesso para banda larga sem fio (Wi-Fi), segurança de rede, centro de dados e servidores em que os aplicativos dos jogos vão rodar.

Sobre essa infraestrutura atuarão os engenheiros e outros profissionais das empresas patrocinadoras de tecnologia - Embratel, Atos, Claro, Samsung, Panasonic eÔmega, disse RodrigoUchoa,diretor dedesenvolvimento de novos negócios da Cisco. Cada companhia apresentou seu projeto e aCiscomontou a infraestrutura a partir daí, tomando por base a Olimpíada de Londres em 2012. A Cisco também patrocinou esse evento, masna categoria equipamentos de rede, inferior à do Rio.

Nos Jogos Olímpicos do Rio, 37 instalações esportivas e outras cerca de cem que não fazem parte dos locais de competição (aeroportos, hotéis etc.) terão infraestrutura da Cisco. Essas áreas abrigam 660 mil assentos para espectadores.

Um centro de dados já entrou em operação em São Paulo e outro será ativado no Rio ainda neste ano, disse o diretor. Ogrande volume deinstalações está programado para meados de 2015, por causa de eventos teste. A Olimpíada realiza 42 campeonatos mundiais, enquanto a Cisco usa 45 eventos teste (campeonatos reais) para identificar e corrigir falhas no sistema.

O trabalho é intenso, diz Uchoa, porque o ambiente precisa oferecer condições tecnológicas para atender a mais de 11 mil atletas, jornalistas de todo o mundo, organizadores do evento e público.

A Embratel está construindo o backbone olímpico, que é a espinha dorsal do sistema. Trata-se deuma rede de fibra óptica que vai interligar as arenas dos jogos (Barra da Tijuca, Copacabana, Deodoro e Maracanã),com 350kmde fibras redundantes - redes paralelas para garantir a continuidade da comunicação se uma delas cair. Cerca de 80% já está pronto e a previsão é concluir até o iníciode2015, disse Ney Acyr Rodrigues, diretor-executivo da Embratel, que nessa parte do projeto tem parceria com a Cisco para equipamentos.

Essa rede é preparada para suportar um ambiente de transmissão de vídeo, voz e imagens. Todo esse tráfego vai convergir para o "International Broadcast Center", que fará a transmissão mundialdo evento.O sistema também fará mediçõesem tempo real dos jogos e do desempenho dos atletas. Segundo Rodrigues, o acesso em Wi-Fi, a banda larga sem fio, estará disponível para o público nas arenas.

O executivo disse que a Embratel está ampliando a capacidade de seu centro de dados no Rio de Janeiro, que tem 700 metros quadrados, e vai construir outro na cidade,com 1,2 mil metros quadrados e conclusão em março de 2015, para atender o comitê olímpico e clientes do Porto Maravilha.

Hoje, 150 técnicos, engenheiros e analistas da Embratel trabalham no projeto, orçado em R$ 150 milhões. O número de pessoas deve subir para 500 até o início do evento. Rodrigues disse que todos os serviços de voz, dados e internet já foram entregues na sede dos dois comitês há dois anos e estão em uso. Também foi entregue o ambiente de hospedagem de aplicações de internet para o comitê, como os portais dos voluntários, dos fornecedores e dos parceiros.

Diferentemente da Copa do Mundo 2014 que teve um consórcio de operadoras para implantar a infraestrutura, na Olimpíada o sistema e os serviços de comunicações ficaram integralmente sob responsabilidade da Embratel e Claro, ambas do grupo América Móvil, disse Rodrigues. As demais operadoras, segundo ele, participarão de projetos fora das arenas, voltados para atender os usuários finais.

As teles, entretanto, parecem que ainda não se entenderam muito bem sobre as parcerias. Por meio de nota, a Telefônica Vivo informou que "participa de um consórcio com Claro, Nextel, Oi e TIM para a implantação conjunta da infraestrutura de telecom e internet a ser oferecida para as Olimpíadas". Segundo anota, "ainfraestrutura serácompartilhada entre todas as operadoras". "As especificações encontram-se finalizadas para iniciar a aquisição conjunta dos equipamentos necessários à sua implantação. Com essas ações será possível oferecer qualidade de sinal 3G, 4Ge Wi-Fi na Vila Olímpica, estádios e outros locais da cidade onde haverá competições".

Já a Oi, também por meio de nota, informou que avalia o cenário para decidircomo participará do evento. A TIM, por sua vez, ressaltou, em nota, seu "compromisso em prover, para seu clientes e visitantes, umserviço de qualidade durante os Jogos Olímpicos, a exemplo do que ocorreu durante a Copa do Mundo deste ano".