Cid desistiu de ser consultor do BID, em Washington, e será ministro como recompensa pela atuação na eleição (Breno Fortes/CB/D.A Press - 29/5/13)
Cid desistiu de ser consultor do BID, em Washington, e será ministro como recompensa pela atuação na eleição

O governador do Ceará, Cid Gomes (Pros), aceitou ontem o convite para ser ministro da Educação. Ele esteve no Palácio do Planalto para conversar com a presidente Dilma Rousseff, mas ela já tinha viajado à Argentina. Cid desistiu de assumir um posto de consultor do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em Washington. Trazer o cearense para a Esplanada era um desejo antigo da presidente Dilma. O Programa Alfabetização na Idade Certa, do governo federal, foi inspirado em projeto semelhante implantado pelo governo do Ceará durante a gestão do futuro ministro da Educação.

Cid, hoje filiado ao Pros, teve um papel preponderante na reeleição da presidente Dilma Rousseff. Além de ter se desfiliado do PSB por discordar da candidatura do então governador de Pernambuco, Eduardo Campos — morto em um acidente aéreo em agosto —, ao Palácio do Planalto, também assegurou a eleição de um petista, Camilo Santana, para sucedê-lo no governo estadual.

Com isso, o petista Henrique Paim voltará a ser secretário executivo do MEC. A ida de Cid para a Esplanada poderá provocar mudanças em outra pasta, a Integração Nacional. O ministério atualmente é comandado por um afilhado dos irmãos Cid e Ciro Gomes, Francisco Teixeira. O PMDB está de olho na pasta, e os postulantes são o senador Eunício Oliveira (CE) — adversário político dos irmãos Gomes — e o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN).

A perda do Ministério da Educação deve aumentar o esforço do PT para emplacar o nome do atual presidente do BNDES, Luciano Coutinho, para substituir Maria das Graças Foster na Petrobras. No entanto, Dilma tem resistência ao nome de Coutinho e já repetiu, por várias vezes, que o alto volume de recursos emprestado pelo banco deveria ter acarretado um nível maior de crescimento do PIB brasileiro, o que não aconteceu, nem de longe. Segundo apurou o Correio, na semana passada, Dilma e Coutinho tiveram uma nova reunião em Brasília e, mais uma vez, a capacidade gerencial dele foi questionada pela presidente.

O desgaste de Graça Foster abriu uma temporada de especulações sobre eventuais substitutos. Um nome citado é o do atual presidente da Vale, Murilo Ferreira. Ontem, ele negou que tenha recebido algum convite para o cargo. Outras opções que surgiram nas últimas horas foram os presidentes do grupo Gerdau, Jorge Gerdau, e do Conselho da holding do grupo JBS, Henrique Meirelles.

Dilma, contudo, está cautelosa quanto às mudanças. Interlocutores governistas admitem que ela está menos avessa à possibilidade de substituir Foster, embora ainda defenda, internamente, que não considera que a aliada tenha perdido o controle do processo e sim, que ela está sendo vítima de fritura por parte daqueles que ela afastou em 2012, ao assumir o comando da estatal.

Além disso, Dilma tem plena consciência de que o atual momento exige mudanças seguras para não atrapalhar ainda mais a credibilidade da empresa. “O governo não está preocupado com a queda da Petrobras na bolsa, pois as questões de mercado podem ser recuperadas. O problema são as ações dos investidores americanos na Justiça de Nova York”, ponderou um aliado de Dilma.