Título: Ciberpiratas do Brasil irritam líderes do grupo
Autor: Kleber, Leandro ; Silveira, Igor
Fonte: Correio Braziliense, 25/06/2011, Política, p. 2

Facção responsável por ofensiva contra sites do governo compromete ações internacionais

A investida da facção brasileira do grupo LulzSec contra alvos do governo federal despertou a ira da própria organização e de hackers internacionais, que fecharam a sala de bate-papo na qual se discutiam os alvos a serem atacados e expuseram a suposta identidade de quem estaria por trás da associação no país.

A principal crítica é que as ações do LulzSecBrazil limitaram-se a derrubar os sites do governo, sem conseguir acessar dados relevantes. Mais: os administradores internacionais do grupo disseram que a atuação comprometeu ataques planejados há mais de um mês, previstos para ocorrer na madrugada de ontem.

De acordo com o relato obtido pelo Correio de um hacker que vive nos Estados Unidos, devido à exposição que as investidas tiveram, os servidores localizados nos EUA cujos endereços remetiam ao Brasil foram derrubados. De 15 servidores ligados na quinta-feira, seis foram tirados do ar.

Por entender que a repercussão das ações da filial brasileira prejudicou investidas internacionais mais relevantes, o grupo decidiu fechar o site de chat (IRC) e banir o grupo de ter acesso privilegiado às conversas.

Curiosamente, quem decidiu encerrar a conta do LulzSecBrazil foi o mesmo administrador que supervisionou a entrevista que o Correio fez com o hacker identificado como SilverLords ¿ suposto líder da LulzSecBrasil. Em uma mensagem publicada na internet, outro hacker disse que o objetivo internacional do LulzSec não era fazer ataques aleatórios a qualquer página de internet apenas para tirá-las do ar.

O LulzSecBrasil ganhou notoriedade na quarta-feira, quando derrubou os sites www.presidencia.gov.br e www.brasil.gov.br. A seção internacional do grupo chegou a aplaudir o feito como um grande progresso. O entendimento mudou quando percebeu-se que os hackers brasileiros estavam com atuação sem foco e limitando-se a arrebanhar seguidores aleatoriamente.

Guru de Dilma Marcelo Branco, ex-coordenador de internet da campanha presidencial de Dilma Rousseff, usou sua conta no Twitter para defender as ações de hackers a fim de tirar do ar as páginas de internet, desde que não haja roubo de dados confidenciais.

Branco disse que as invasões são forma legítima de protesto, "como os piquetes nas portas de fábricas nos anos 1980" e a "interrupção do funcionamento de trens e ônibus em dias de greves". Entretanto, ele disse que não concorda com as recentes ações de hackers contra o governo brasileiro. Segundo Branco, esses ataques específicos "não tem sentido político".

Arizona Nos Estados Unidos, o Lulz Security divulgou ontem dados coletados do Departamento de Polícia do Arizona, num protesto contra a lei anti-imigração do estado norte-americano. Cerca de 700 documentos foram roubados e publicados on-line. O Arizona obriga estrangeiros legalizados a andar com Carteira de Identidade e permite que a polícia aborde e requisite os documentos sem mandado. Os críticos da norma alegam que ela abre espaço para o preconceito racial.