A Controladoria-Geral da União (CGU) está investigando os contratos da Petrobras com a Odebrecht e a compra de uma refinaria, em Okinawa, no Japão, confirmou o ministro Jorge Hage ao Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor. Segundo ele, há várias frentes de investigação sobre a estatal.

"Nós temos investigações e auditorias envolvendo a aquisição da refinaria em Okinawa e os contratos SMS (de segurança, meio ambiente e saúde) com a Odebrecht. No momento, falamos de três frentes de investigações", explicou o ministro, referindo-se à holandesa SBM, à compra da refinaria de Pasadena e à Operação Lava-Jato da Polícia Federal que investiga um esquema de corrupção na estatal. "Só isso já nos dá panos para manga por um bom tempo."

Hage explicou que os contratos da Odebrecht estão sob apuração na Lava-Jato e que a CGU está verificando os acordos de prestação de serviços nas áreas de segurança, meio ambiente e saúde com o objetivo de verificar a responsabilidade de agentes públicos por eventuais irregularidades.

No caso da refinaria de Okinawa, a apuração visa esclarecer como a estatal gastou US$ 192 milhões para adquirir uma empresa com histórico de resultados frustrados e com produção inferior ao estimado, em 2007, quando foi fechado o negócio. A diferença está na produção de 35 mil barris por dia contra uma previsão de 100 mil.

A CGU também está apurando a responsabilidade de agentes públicos na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, que custou R$ 1,18 bilhão e pouco produziu.

Por fim, a Controladoria abriu processo formal de investigação contra a holandesa SBM para apurar cobrança de propina em contratos para construção e aluguel de plataformas de petróleo.

Hage enfatizou que as empresas vão poder se defender das acusações. "Nós vamos chamálas quando chegar a hora no processo mediante a notificação para se defenderem. Mas, se elas quiserem nos procurar antes, o canal está aberto", completou, referindo-se à possibilidade de as empresas buscarem a Controladoria para assinar acordos de leniência pelos quais colaboram com as autoridades em troca da redução de pena. "Uma empresa já nos procurou. Não há impedimento algum para que empresas procurem o órgão sancionador, no caso, a CGU, antes mesmo da abertura do processo. O momento de abrir a negociação pode ser antes ou depois da abertura do processo. Se elas não nos procurarem, o processo vai seguir normalmente."

Hage disse ainda que a presidência da Petrobras está colaborando ativamente nas investigações de desvios de dinheiro da estatal. "Uma coisa importante na investigação tem sido a colaboração da Petrobras na gestão da presidente Graça Foster", afirmou o ministro. "A gestão dela se diferencia nitidamente da postura anterior da Petrobras. Tudo o que eu peço a Petrobras tem atendido."

Segundo Hage, Graça Foster "tem se esforçado ao máximo paracumprir os prazos" exigidos nas investigações dos desvios que foram identificados na Operação Lava-Jato. "Quando ela precisa de uma prorrogação, ela pede e eu concedo sempre dentro dos prazos. Isso é fundamental, pois eu considero a Petrobras a principal vítima na história. A Petrobras é que foi lesada. Ela não teve nenhum proveito nisso. Ela só teve prejuízo e lesão."