O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PT-PE), em discurso da tribuna, elogiou os nomes divulgados de ministros que deverão compor o novo ministério, embora a indicação não tenha sido oficializada. Fez questão de negar a existência de "mal-estar" entre o PT e Joaquim Levy, considerado provável ministro da Fazenda, mas ressaltou, no entanto, que a "condutora da política econômica" é a presidente Dilma Rousseff e que o futuro ministro "será guardião do modelo de desenvolvimento" adotado pelo governo. 

"A presidente Dilma jamais abrirá mão de ser ela, em última instância, a condutora da política do governo, razão pela qual, qualquer que seja a história dos ministros que venham a ser indicados para o governo, sem dúvida nenhuma ela tem o compromisso acima de tudo com as propostas que apresentou nessa campanha e com o projeto que teve início com o presidente Lula em 2002", disse. 

Em um recado à oposição, o líder avisou que "não morram de véspera os pessimistas, porque Joaquim Levy nem chegou ainda à Fazenda. E, quando chegar, será guardião do modelo de desenvolvimento para o Brasil que, já largamente experimentado, mostrou que dá certo, que é exitoso e que é reconhecido em todo o mundo como um exemplo de redução da pobreza e da desigualdade social." Segundo Costa, "muitos têm tentado disseminar um ambiente de certo mal-estar entre ele e o PT", mas negou a existência dessa reação ao nome de Levy. 

"A presidenta Dilma é absolutamente responsável com o projeto de governo que desenvolvemos para o Brasil. Ela tem compromisso com a estabilidade econômica do país e com o modelo de desenvolvimento inclusivo que colocamos em curso neste país. De forma que, conhecedor das tantas competências de Joaquim Levy, estamos todos extremamente confiantes na forma como ele comandará o Ministério da Fazenda e nos rumos pelos quais será conduzida a nossa política econômica", afirmou Costa. 

Antes de negar o "mal-estar" com a escolha de Levy, Costa manifestou, no discurso, total apoio do PT às escolhas anunciadas pela imprensa e afirmou que todos poderão contar com o suporte da bancada no Senado. 

"Os nomes que apareceram até agora, ainda que não inteiramente confirmados para algumas áreas estratégicas - nenhum ainda confirmado, como eu disse -, mas são muito bons, são quadros de extrema competência, de desenvoltura e de larga intimidade com as pastas para as quais estão sendo considerados", afirmou. 

O primeiro elogio foi dirigido ao senador Armando Monteiro Neto (PTB-PE), seu conterrâneo, ex-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), cotado para assumir o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. 

O líder do PT afirmou que Monteiro tem todas as qualificações para ocupar o cargo e é um homem do diálogo, com grande inserção no meio empresarial, e com uma visão privilegiada sobre os temas afetos ao ministério. 

"Aqui no Congresso, como parlamentar, Armando tem sido incansável na defesa de uma agenda sensível ao empresariado nacional, como a melhoria da infraestrutura no nosso país, a redução do custo Brasil, as desonerações tributárias que aliviem o peso das contratações na indústria e o incentivo às micro e pequenas empresas." Costa considerou outra excelente escolha a provável nomeação de Nelson Barbosa para o Ministério do Planejamento. 

Disse que Barbosa "é um grande quadro técnico, com sólida formação acadêmica e muitos anos de serviços prestados à administração federal", além de possuir "excelente jogo de cintura política, de diálogo político para negociar com esta Casa". "Tenho certeza de que ele manterá o excelente trabalho realizado pela ministra Miriam Belchior e, com a sua imensa bagagem na área econômica, dará um novo verniz a essa área estratégica da Esplanada dos Ministérios, atuando decisivamente na articulação de diversos setores para a intensificação das obras do PAC. É um entusiasta da agenda social e pode contribuir decisivamente para o alargamento sustentado de programas importantíssimos para o Brasil." O líder do PT também fez referências positivas em relação à suposta ida da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), para o Ministério da Agricultura, mas disse que a presidente deverá indicar para o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Reforma Agrária uma pessoa com "forte vinculação com os movimentos de trabalhadores rurais". 

Parte desse setor - além de alas do próprio PMDB - a maior resistência à indicação de Kátia para a Agricultura. 

"Acreditamos que a presidenta Dilma também indicará para a pasta do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Reforma Agrária alguém que tenha forte vinculação com os movimentos de trabalhadores rurais, com os movimentos de luta pela reforma agrária e com aqueles setores vinculados à agricultura familiar, fazendo, assim, com que nós tenhamos a possibilidade de fazer o Brasil avançar tanto do ponto de vista do agronegócio quanto também do ponto de vista da agricultura familiar", afirmou o líder.

Com relação a Kátia Abreu, Costa manifestou a expectativa de que, se for nomeada, "inclua a expansão das nossas áreas agricultáveis, siga modernizando e concilie tudo isso com o modelo sustentado de desenvolvimento que buscamos, em harmonia com o meio ambiente". 

Costa afirmou que Kátia Abreu "domina muito bem" o setor e "tem uma visão muito institucional dessa área, que tanto tem contribuído para manter forte a nossa pauta de comércio exterior e transformado o Brasil numa potência agrícola mundial".