Deputados e senadores têm hoje a última chance de votar o relatório final da CPI mista da Petrobras. Apesar de o relator, Marco Maia, (PT-RS) ter feito ajustes no texto apresentado na semana passada - e que agora pede com clareza o indiciamento de 52 envolvidos em casos de corrupção na estatal -, a oposição foi além e, em um texto alternativo, incluiu entre os indiciados a presidente da estatal, Maria das Graças Foster; o ex-presidente Sérgio Gabrielli; o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, entre outros.

O relatório paralelo, de autoria do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), também exige a responsabilização civil da presidente Dilma Rousseff por improbidade administrativa na desastrosa compra da Refinaria de Pasadena (EUA). À época, ela presidia o Conselho de Administração da empresa, responsável pela aquisição que, segundo o Tribunal de Contas da União, gerou um prejuízo de US$ 792 milhões. No fim da noite de ontem, por volta das 22h, a oposição tentou antecipar a apreciação dos relatórios, mas o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), alegou que a reabertura da sessão da CPI não teria validade, já que ainda havia ordem do dia em andamento no plenário. Após um pedido de verificação de quórum de um solitário parlamentar da base, a reunião da CPI acabou cancelada às 22h20. A oposição vê no esvaziamento uma manobra do governo para que a comissão termine sem um texto final. Os parlamentares, no entanto, dão como certa uma nova CPI em 2015.

Ao apresentar o novo texto, Sampaio criticou a fragilidade do relatório de Marco Maia, por ter deixado de fora o eventual envolvimento do Palácio do Planalto no esquema de lavagem de dinheiro na estatal, revelado pela Operação Lava-Jato, da Polícia Federal. O tucano também critica a ausência de menção a políticos, empresários e servidores públicos. Em seu texto, Sampaio pede ainda a abertura de inquéritos contra 36 pessoas citadas na CPI mista, como os senadores Humberto Costa (PT-PE), Gleisi Hoffman (PT-PR), Fernando Collor (PTB-AL), o ministro Paulo Bernardo (Comunicações), além de outros parlamentares, diretores e ex-diretores da Petrobras.

"O episódio da Petrobras não é apenas o maior escândalo de corrupção da nossa história contemporânea, é o maior da história contemporânea do planeta, e por isso nós precisamos agir. Não é possível que com tantas denúncias, confissões e indiciamentos já feitos, o Congresso Nacional passasse ao largo dessas questões", protestou o senador Aécio Neves (PSDB-MG). O congressista mineiro elogiou o texto de Sampaio e reforçou a necessidade de uma nova CPI na próxima legislatura, para aprofundar as investigações sobre a corrupção na estatal.

Maia se defendeu e criticou o relatório não oficial. "Não há indiciamento de políticos porque o que nós temos são vazamentos de informações que não se confirmaram. Não tivemos acesso à delação premiada."