A PF concluiu o inquérito aberto sobre o cartel formado por empresas para fraudar licitações e pagar propinas no estado de São Paulo, em contratos firmados com a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CTPM) e com o Metrô de São Paulo. Ao todo, 33 pessoas foram indiciadas, entre executivos, funcionários públicos, lobistas e ex-dirigentes das estatais. O esquema teria operado entre 1997 e 2008, durante os governos de Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin, todos do PSDB. Eleito senador por São Paulo em outubro, Serra chegou a ser investigado e intimado para depor pela PF, mas não foi indiciado.

Os suspeitos são acusados de crimes como corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, formação de cartel e fraude em licitações. A PF não divulgou a lista dos citados. Ao todo, cerca de R$ 60 milhões do acusados estão bloqueados desde outubro de 2013, à pedido da Polícia Federal. Entre os indiciados, estão o ex-funcionário da CPTM João Roberto Zaniboni e o consultor Arthur Teixeira, apontado como responsável pela lavagem de dinheiro e pelo pagamento de propinas a agentes públicos. Zaniboni, segundo os investigadores, chegou a manter US$ 826 mil em uma conta secreta na Suíça. O inquérito foi entregue à Justiça Federal no começo da semana.

Os novos indiciados pela PF são pessoas sem foro privilegiado. A parte do processo relativa a parlamentares e autoridades que dispõe do privilégio foi encaminhada ao Supremo Tribunal Federal em 2013. Em março daquele ano, o Ministério Público Federal apresentou denúncia contra 12 empresas e seus executivos, por suposta participação no esquema. As principais companhias envolvidas seriam a francesa Alstom, a alemã Siemens e a espanhola CAF. Segundo a denúncia do MPF, as empresas teriam fraudado 11 licitações durante o período, que somam um valor de R$ 2,8 bilhões. Os promotores também identificaram um sobrepreço de pelo menos R$ 835 milhões.

Citado

José Serra não foi incluído entre os indiciados, uma vez que a investigação não encontrou indícios de participação dele na operação do cartel ou em crimes federais. Ele foi citado no depoimento do ex-executivo da Siemens Nelson Marchetti. De acordo com Marchetti, o então governador teria lhe advertido em 2008 para que a Siemens não participasse de uma das licitações da CTPM, que tinha por objetivo a compra de 384 vagões para a companhia. Serra nega. As investigações da PF e do MPF mostram ainda que o esquema pode ter operado em outros estados, entre eles o Distrito Federal, durante a construção do Metrô de Brasília, em 2006.

 

 

R$ 2,6 bilhões contra a seca

Correio Braziliense - 05/12/2014

Para tentar contornar a maior crise hídrica que São Paulo já viveu nos últimos 100 anos, o governo federal oficializou na manhã de ontem um investimento de R$ 2,6 bilhões para a construção do Sistema Produtor São Lourenço, com capacidade para viabilizar o acesso à água para 1,5 milhão de pessoas. Na cerimônia, a presidente Dilma Rousseff ressaltou que com essa obra "colocamos mais uma iniciativa na pauta de resolução dessa crise hídrica que se passa no estado". "Tivemos e ainda estamos tendo a maior seca dos últimos 84 anos. Tivemos este ano metade das chuvas, e não atingiu todo estado, pegou só a parte de cima", justificou o governador do estado, Geraldo Alckmin.

Durante o ato, Dilma amenizou o clima de conflito com o governo do estado exposto na campanha presidencial. Segundo ela, "é natural divergir, criticar, disputar e mesmo, em alguns momentos, é compreensível que as temperaturas se elevem, mas depois de eleito temos que respeitar as escolhas legítimas da população". Além do contrato do sistema de abastecimento de água, também foi assinado o termo de compromisso para execução da extensão da linha 9 da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).