A força-tarefa do Ministério Público Federal na Operação Lava-Jato pediu a condenação de nove pessoas por lavagem de dinheiro e por organização criminosa para desvio de recursos da Petrobras. Os procuradores pediram a punição até mesmo do doleiro Alberto Youssef e do ex-diretor de Abastecimento da estatal Paulo Roberto Costa, que firmaram acordos de delação premiada para tentarem obter penas menores. O pedido foi feito em forma de alegações finais, apresentadas ontem ao juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro. Agora, os advogados dos acusados têm 10 dias úteis para apresentar as defesas. Depois disso, o juiz deve proferir a sentença.

O Ministério Público pediu a absolvição de um dos sócios da fornecedora de tubos Sanko Sider, Murilo Tena Barrios. Eles requereram a condenação do outro sócio, Márcio Bonilho, por organização criminosa e lavagem. Segundo a denúncia, recursos da Petrobras eram remetidos para a Camargo Corrêa. A empreiteira comprava tubos da Sanko. Mas, segundo a Procuradoria, parte do dinheiro se referia também a comissões para o doleiro Alberto Youssef distribuir propinas a agentes políticos, remetendo uma parcela dos valores para o exterior. A Camargo Corrêa e os políticos não foram acusados, pois nesta ação não se apuraram crimes de desvio de recursos públicos, superfaturamento ou corrupção.

Os procuradores pedem a condenação de Paulo Roberto por organização criminosa e lavagem de dinheiro, crime também atribuído a Youssef. Eles entendem que o doleiro e Paulo Roberto chefiavam uma das quadrilhas desbaratadas pela Lava-Jato. Ao todo, a operação anotou uma rede de quatro doleiros que movimentou R$ 10 bilhões em crimes diversos, como tráfico de drogas, contrabando de diamantes, mercado negro de câmbio, cartel e corrupção na Petrobras.

Neste processo, especificamente, o Ministério Público diz que o dinheiro saiu da petroleira, passou pela Camargo e pela Sanko e, de lá, seguiu para a empresa MO Consultoria, registrada em nome de Waldomiro de Oliveira, mas controlada por Youssef. Os recursos foram remetidos a diversas outras empresas, como o laboratório Labogen, em nome dos irmãos Leandro e Leonardo Meirelles, que enviava o dinheiro para o exterior. A origem do dinheiro eram "contratações fraudulentas" na Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. O MPF ainda pediu a condenação de Antônio Almeida Silva, Esdras Arantes e Pedro Argese.

Sem benefícios

Nas quase 200 páginas das alegações finais, os quatro procuradores que assinam o pedido a Sérgio Moro não mencionam benefícios que Paulo Roberto e Youssef podem ter direito por causa da efetividade da colaboração premiada. Entretanto, é o juiz quem vai decidir sobre a concessão de benefícios, como uma prisão em regime aberto. Na semana passada, Youssef solicitou que fosse suspenso um dos processos da Operação Lava-Jato, que investiga remessas específicas do Labogen.

R$ 10 Bilhões

Valor movimentado pela rede de quatro doleiros em diversos crimes, como tráfico de drogas, contrabando de diamantes, mercado negro de câmbio, cartel e corrupção na Petrobras