O resultado de 10 amostras colhidas de pacientes suspeitos de terem contraído a febre chikungunya em Goiânia será determinante para o alerta de epidemia em Goiás. O estado vizinho ao DF notificou 16 casos, sendo dois confirmados — esses, no entanto, foram contraídos fora do Brasil. Se as análises confirmarem a transmissão do vírus na capital goiana, a previsão da Secretaria Estadual de Saúde é de que ocorram 300 mil novas contaminações nos próximos três meses devido à alta taxa de ataque da febre transmitida pelo mosquito da dengue, o Aedes aegypti (veja Perigo iminente). A situação preocupa a capital federal por causa da proximidade entre as duas unidades da Federação.

O DF tem quatro casos confirmados. Porém, todos os infectados contraíram o vírus fora do quadrilátero. Segundo o chefe do Núcleo de Controle de Endemias da Secretaria da Saúde do DF, Dalcy de Albuquerque Filho, a preocupação será maior caso seja constatado algum histórico de contaminação interna. “É de se esperar que chegue ao Distrito Federal, mas, por enquanto, não há evidência. Estamos tomando as medidas necessárias, capacitando médicos e sensibilizando quanto à doença”, afirmou.

Uma das características da doença é a rapidez na disseminação. Em algumas regiões do Caribe, por exemplo, a febre chikungunya atingiu 70% da população. No continente africano, em ilhas opostas a Madagascar, 33% dos habitantes ficaram doentes. No ano passado, quando Goiânia passou por uma epidemia de dengue, o índice era de 2,5% do total populacional. “Isso já era um caos. A situação desses lugares é surreal. É de fácil transmissão, com alta taxa de ataque, ou seja, se houver casos autóctones (quando a pessoa contrai no mesmo estado ou país em que reside), o risco é muito grande tanto para Goiás quanto para Brasília”, alerta o coordenador de Controle de Dengue de Goiás, Murilo do Carmo Silva.

O especialista, porém, chama a atenção para a vulnerabilidade do estado vizinho. Segundo ele, Goiás tem todos os fatores de risco que ajudam na disseminação do vírus. “O sistema de coleta de lixo e o de distribuição de água são falhos, e a população ainda não aderiu totalmente ao combate do mosquito Aedes aegypti”, explicou Silva.

Combate

Apesar da baixa letalidade — uma morte para cada mil casos confirmados —, a febre chikungunya é conhecida como uma doença debilitante. Quem contrai o vírus não consegue realizar atividades simples do dia a dia, principalmente por causa das dores nas articulações. A doença, segundo especialistas, é muito parecida com a dengue. Os sintomas são semelhantes, com uma diferença importante: a forte dor nas articulações, principalmente nos punhos, nos tornozelos e nos ombros. O combate à proliferação do mosquito deve ser feito da mesma forma que o do Aedes aegypti, ou seja, evitando o acúmulo de água e recolhendo o lixo.

O resultado dos testes feitos nas 10 amostras ainda não tem data para ser divulgado. Um dos entraves é a falta de laboratórios no país preparados para realizar o procedimento. As amostras colhidas em Goiânia são avaliadas no Pará.

Prevenção

Desde a confirmação de casos no Caribe, no fim de 2013, o Ministério da Saúde elaborou o Plano Nacional de Contingência, que definiu, entre outras metas de controle da doença, intensificação das atividades de vigilância, respostas da rede de saúde, divulgação de medidas às secretarias, preparação de laboratórios de referência para diagnósticos e treinamento de profissionais.