Conselho da Petrobras aprova criação da diretoria de Governança

Estatal diz que vai buscar executivo, que terá superpoderes, no mercado

RAMONA ORDOÑES

Mergulhada no maior escândalo de corrupção de sua História, com um esquema de desvio de recursos liderado por pelo menos dois ex-diretores, a Petrobras vai buscar no mercado um executivo, que terá superpoderes, para ocupar o novo cargo de Governança.

O Conselho de Administração da Petrobras aprovou ontem a criação do cargo de diretor de Governança, Risco e Conformidade, com o objetivo, segundo a estatal , "de assegurar a conformidade processual e mitigar riscos nas atividades da Companhia, dentre eles, os de fraude e corrupção". Com isso, a estatal quer garantir o cumprimento das leis e regulamentos, incluindo as regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e da Securities and Exchange Commission (SEC).

O Conselho vai escolher o profissional para a nova diretoria em uma lista de três nomes de brasileiros pré-selecionados por uma empresa especializada em seleção de executivos.

A estatal destacou, ainda, que o mandato será de três anos e não representará a criação de uma nova diretoria, uma vez que será usada a vaga da diretoria Internacional, função que está sendo ocupada pela própria presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster.

Segundo a Petrobras, o novo diretor participará de todas as decisões da diretoria executiva. Os assuntos que serão submetidos ao Conselho de Administração deverão ter prévio parecer favorável desse novo diretor.

O mandato poderá ser renovado, e sua destituição somente poderá ocorrer por deliberação do Conselho de Administração. A Petrobras informou ainda que pretende concluir a criação da diretoria em dois meses.

____________________________________________________________________________________________________________________________________

Engenheiro nega ter recebido  propina de empresa

Detidos na operação pedem liberação de recursos bloqueados na Lava­Jato

­ SÃO PAULO­ - O engenheiro Shinko Nakandakari, apontado pelo executivo Erton Fonseca, da Galvão Engenharia, como operador no esquema de desvio de recursos da diretoria de Serviços da Petrobras, apresentou petição à Justiça Federal do Paraná se colocando à disposição para depor. Ele pediu também acesso ao conteúdo do depoimento de Fonseca e a qualquer outra referência a ele incluída nos processos originados pela Operação Lava­Jato.

Fonseca teria dito que Nakandakari repassava recursos provenientes de propina para políticos. Nakandakari afirma ter tomado conhecimento do depoimento de Fonseca pelos jornais e diz que a "versão unilateral" apresentada pelas reportagens não corresponde à verdade.

Pelo menos dois dirigentes de empreiteiras que estão presos na carceragem da Polícia Federal em Curitiba pediram a liberação de valores bloqueados em suas contas bancárias por determinação da Justiça Federal do Paraná. O presidente da Camargo Corrêa, Eduardo Hermelino Leite, que foi acusado pelo doleiro Alberto Youssef de usufruir da propina cobrada em obras da Petrobras, teve R$ 463.316,45 bloqueados em três contas.

Os advogados de Leite argumentam que ele é pai de duas adolescentes, de 17 e 16 anos, e que o dinheiro é de “natureza alimentar” e destinado a arcar com despesas de subsistência da família. Dizem ainda que o dinheiro foi obtido de forma lícita e está declarado no IR.

Na segunda­feira, os advogados de Gerson de Mello Almada, da Engevix, pediram o desbloqueio de R$ 4,095 milhões que o executivo mantinha em cinco instituições financeiras. Ele teve bloqueados R$ 24,095 milhões, e a Justiça havia determinado o limite de R$ 20 milhões para bloqueio.

Ontem, a Justiça de Pernambuco determinou o bloqueio de R$ 126,6 milhões da Petrobras. O dinheiro vai ser transferido para as empresas que prestam serviços à estatal para a quitação das dívidas com os funcionários da Refinaria Abreu e Lima, no Complexo Portuário de Suape.