O envelhecimento da população brasileira trará impactos econômicos importantes para o país. Entre os efeitos mais relevantes levantados por especialistas do setor, está o aumento nos gastos públicos. Em mesa-redonda para discutir como a transição demográfica afetará a economia, organizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), no Rio, foi destacado também que a diminuição da população mais jovem vai demandar maior investimento em capital humano.

A parcela maior de idosos, por outro lado, exigirá maior infraestrutura médico-hospitalar, urbana e maior gasto com previdência social. No caso do mercado de trabalho, especialistas apontaram necessidade incentivar ganhos de produtividade. Eles afirmam que o envelhecimento da população deixará pouca margem para flexibilizar o mercado de trabalho. "O efeito da estabilização demográfica na economia vai depender de políticas adequadas para manter jovens no mercado de trabalho, estimular a poupança e elevar investimento em capacidade produtiva", disse Paulo Levy, pesquisador do Ipea.

Para Jorge Arbache, professor da UnB, é preciso pensar quais políticas públicas ajudarão a mitigar efeitos que a transição demográfica trará. Ele defendeu o investimento em produtividade e competitividade como forma de manter o crescimento em um cenário de população mais envelhecida.

Levy concorda, e afirma que a oferta de trabalho será o efeito mais direto da transição demográfica brasileira. A grande questão que se impõem é que um volume menor de jovens terá que gerar maior ou igual volume de riquezas. Por isto a importância de elevar a produtividade e investir mais em educação. Outra desdobramento da transição demográfica no mercado de trabalho é que mão de obra mais escassa vai pressionar os salários-base. Pode ser preciso importar mão de obra.

Segundo especialistas, quando o peso de pessoas mais velhas no mercado de trabalho aumenta, a taxa de poupança tende a aumentar. Mas isto não ocorre no Brasil, o que torna a estabilização demográfica mais desafiadora. Para Levy, haveria espaço para aumento da taxa de poupança a partir da renda do trabalho apenas até 2020. Afirmou ainda que a poupança é importante para elevar o crescimento econômico do país.

Para o presidente da Associação Brasileira de Estudos Populacionais, Cássio Turra, são urgentes estudos e medidas para adequação do país à estabilização demográfica. Segundo ele, o mais importante é discutir como os sistemas vão se adaptar à população envelhecida.

O secretário-executivo da Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia (Anpec), Fábio Freitas, destacou o impacto da transição demográfica sobre as finanças públicas. "É esperado aumento nos gastos com saúde, que vão pressionar finanças públicas. E será preciso encontrar espaço fiscal para isso".