Os mercados tiveram ontem uma trégua da tensão verificada nos últimos dias diante da melhora do cenário externo. Investidores, no entanto, mantêm uma postura mais cautelosa à espera do anúncio da nova equipe econômica, aguardado para esta semana.

O dólar fechou em queda de 0,43%, a R$ 2,5901, após cinco pregões consecutivos de alta, acompanhando o movimento da moeda americana no exterior.

Na BM&F, as taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) longos caíram em sintonia com o dólar e devolveram uma pequena parte dos prêmios de risco acumulados nos pregões anteriores. O contrato futuro de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em janeiro de 2017 caiu de 12,76% para 12,65%, e o derivativo para janeiro de 2021 desceu de 12,74% para 12,63%.

Entre os contratos mais ligadas ao rumo da taxa básica Selic, o DI com vencimento em janeiro de 2015, embora muito negociado (mais de 400 mil contratos), fechou ontem estável, a 11,35%. Declarações do diretor de política econômica do Banco Central (BC), Carlos Hamilton Araújo, ontem à tarde, reforçaram a expectativa de continuidade do aperto monetário.

Rumores e especulações sobre a nova equipe econômica seguem influenciando os negócios, levando os investidores a reduzirem as operações à espera da definição do novo ministro da Fazenda.

A presidente Dilma Rousseff afirmou recentemente que anunciaria o nome do novo ministro da Fazenda após o encontro do G-20, ocorrido na Austrália no último fim de semana.

Têm crescido no mercado as apostas na nomeação do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, que acompanhou Dilma no encontro do G-20, para o posto na Fazenda. Segundo apurou o Valor, Dilma ainda pode convidar o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, visto pelo mercado como um nome mais ortodoxo, para comandar o Ministério da Fazenda.

Para Solange Srour, economista-chefe da ARX Investimentos, a reação do mercado ao futuro novo ministro da Fazenda vai depender dos nomes que irão compor a equipe econômica, especialmente no Banco Central e no Tesouro. "Dependendo desse anúncio, você pode até ter um alívio na alta do dólar no curto prazo, mas ele terá que vir acompanhando de medidas, especialmente na área fiscal."

Dentre os pontos que poderão ser clarificados com o anúncio do novo ministro é o grau de atuação no câmbio. O programa de intervenção diária no mercado de câmbio já foi renovado pelo BC duas vezes e vence no fim deste ano. A grande dúvida é se o BC renovará novamente o programa diante do estoque elevado desses instrumentos cambiais, que hoje soma US$ 104 bilhões.

"O que parece mais provável é que o BC continue gerenciando as rolagens, não deixando vencer todo o montante dos lotes mensais. Já a continuidade da oferta líquida vai depender do perfil do novo ministro da Fazenda", diz Reginaldo Galhardo, gerente de câmbio da Treviso Corretora.