O ex-presidente Lula não foi o único petista que teve seu apartamento concluído, em detrimento de milhares de outros associados da Bancoop. Outra beneficiada foi Marice Correia de Lima, também petista e cunhada de João Vaccari Neto, ex-diretor-presidente da cooperativa. No último dia 18, ela foi levada "coercitivamente" para depor na Polícia Federal de São Paulo, dentro da Operação Lava-Jato para explicar por que recebeu R$ 244 mil da OAS.

Marice não passará as festas de fim de ano no apartamento 193-A do Edifício Mirante do Tatuapé, no Tatuapé, em São Paulo. Isso porque seu imóvel, adquirido junto à Bancoop em 2006 - quando o cunhado, hoje tesoureiro do PT, presidia a cooperativa - está alugado.

No mesmo prédio, os apartamentos 163-A e 173-A, estão em nome da Central Única dos Trabalhadores (CUT), onde Marice trabalhou como colaboradora da Confederação Sindical de Trabalhadores das Américas e onde Vaccari também foi tesoureiro.

Em depoimento à PF no dia 18, Marice disse que não se relacionava com o cunhado Vaccari, também alvo da Lava-Jato, suspeito de ser o operador do PT no recebimento de propinas da Petrobras, nas diretorias de Engenharia e Serviços, do ex-diretor Renato Duque, e na de Abastecimento, do ex-diretor Paulo Roberto Costa, delator do esquema criminoso que revelou desvios de R$ 10 bilhões.

A PF descobriu que Marice recebeu, em dezembro de 2013, R$ 110 mil do doleiro Alberto Youssef, por ordem do executivo da OAS, José Ricardo Breghirolli, preso preventivamente na Polícia Federal do Paraná.

Documentos obtidos pelo GLOBO mostram grande proximidade de Vaccari com a cunhada. Em 2002, Marice comprou uma casa dele na rua Loefgreen, em São Paulo. De 2001 a 2009, Marice foi sócia da irmã Giselda (mulher de Vaccari) na Delilah Presentes e Decorações Ltda, na Rua Frei Caneca, em São Paulo.