O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, saiu ontem em defesa das investigações da Operação Lava-Jato, que apura desvios de recursos da Petrobras e afirmou que "o país convulsiona com o maior escândalo de corrupção da nossa história". Ele divulgou nota e usou a rede interna dos procuradores da República para refutar acusações feitas pela revista "Istoé", em sua última edição, de que teria feito acordo para livrar acusados no processo. Na nota, Janot enumerou os crimes investigados na operação Lava-Jato, que até o momento são nove: corrupção ativa, corrupção passiva, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, fraude à licitação, formação de cartel, associação criminosa e improbidade administrativa.

Mensagem em rede interna

"Para profunda tristeza dos brasileiros honestos e cumpridores de seus deveres, o País convulsiona com o maior escândalo de corrupção da nossa história. Por dever incontornável, o Ministério Público Federal posicionou-se desde o início do caso como o primeiro combatente dos desmandos que já se afiguravam no horizonte. (...) Adotamos posição intransigente na defesa da probidade e no combate à corrupção que se alastrou na gestão da Petrobras. Essa conduta, como é do conhecimento de todos os colegas que fazem do exercício de sua função uma profissão de fé, tem um preço alto, para a instituição e para os seus membros", escreveu em mensagem enviada aos procuradores pela rede interna da PGR.

"Jamais aceitarei qualquer acordo que implique exclusão de condutas criminosas ou impunidade de qualquer delinquente. Não admitirei que interesses externos sejam satisfeitos às custas da credibilidade e honra da nossa instituição", disse Janot na mensagem, onde manifesta sua "indignação contra os ataques injustos que, em razão das funções que exerço como procurador-geral da República, venho sofrendo por parte da imprensa, possivelmente secundada ou instrumentalizada, de forma irresponsável, por interesses inconfessáveis". Ele não cita a revista nas mensagens, mas justifica a nota "em função das recentes notícias veiculadas na imprensa".

Na nota pública para refutar as acusações, o tom foi mais ameno. Em vez de "maior escândalo", ele usou a expressão "grande esquema criminoso instalado no país". Janot disse que "não permitirá que prosperem tentativas de desacreditar as investigações e os membros desta instituição".

USO DA Delação premiada

Janot defendeu na nota o uso da delação premiada, que "tem permitido conferir agilidade e eficiência à coleta de provas, de modo a elucidar todo o esquema criminoso". Segundo ele, a investigação é "técnica, independente e minuciosa". Na mensagem interna, foi na mesma linha, dizendo que prosseguirá fazendo "o que for necessário para a punição de todos os envolvidos".

Segundo a "Istoé", Janot teria se reunido com empreiteiras investigadas na operação e proposto um plano para impedir que o Planalto seja investigado no escândalo. Segundo a revista, as empreiteiras admitiriam alguns crimes, mas em troca poderiam continuar disputando obras públicas, e seus executivos cumpririam pena em regime domiciliar.