Título: A agenda corrida da ministra Ideli
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Correio Braziliense, 27/06/2011, Política, p. 5

Em seus primeiros compromissos, a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, passou aos colegas a impressão de que não será apenas a "garçonete" ¿ aquela que só anota pedidos. Com a experiência de Senado e de líder do governo Lula, a atual ministra empreendeu novo ritmo ao cargo. Já fez reuniões com a cúpula do PMDB, do PT e, nesta semana, prepara-se para ação no atacado, indo à Câmara se reunir com bancadas partidárias. "Estou correndo atrás do prejuízo", disse Ideli a uma amiga. Correr atrás do prejuízo significa desmontar armadilhas no Congresso e oxigenar a imagem do Planalto. O cargo deixou Ideli dócil até mesmo com o adversário na última eleição, o atual governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo. Ele esteve no Palácio semana passada e se reuniu com Dilma e as ministras da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, e Ideli. "Elas foram muito simpáticas. Fiquei satisfeito."

Na última semana, por duas vezes, Ideli atravessou a rua e foi conversar com o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e com o da Câmara, Marco Maia (PT-RS). Em seus primeiros 10 dias de trabalho, focada em construir uma relação menos tensa com os congressistas, ela obteve sinal verde para trabalhar a prorrogação do prazo de 30 de junho para empenhos de restos a pagar de 2009. Na mesma semana, conseguiu ainda que a Casa votasse o polêmico Regime de Contratação Diferenciada (RDC), que deixa as informações sobre as licitações apenas para os órgãos de controle e não dá publicidade aos atos relativos à Copa do Mundo ¿ a votação deve ser concluída esta semana.

Armadilhas

Um dos problemas, entretanto, ela não conseguiu resolver: os cargos objeto do desejo de partidos aliados. Na semana passada, ela recebeu um parlamentar que saiu de seu gabinete desconfiado quando a ministra lhe informou que precisava "aproveitar uma brecha" na agenda da ministra Gleisi para discutir um assunto. O político em questão saiu da sala de Ideli com a impressão de que a pasta de Relações Institucionais não terá influência para troca de cargos e nem acesso direto a Dilma.

No Planalto, porém, a informação é a de que o parlamentar está enganado. Ideli não só tem acesso direto como leva assuntos para a presidente. "O material do ministério de Ideli não é obra. É conversa política. E isso ela tem feito", disse o deputado Sérgio Carneiro (PT-BA). Por ordem de Dilma, Ideli e Gleisi trabalham juntas. Às 9h, já estão na reunião onde é feito um briefing. Além delas, participam o ministro da Secretaria Geral, Gilberto Carvalho, e a ministra da Comunicação Social, Helena Chagas.