O presidente de uma empresa que cresce 20% este ano está preocupado com a inflação e a alta dos juros. Acha que a nomeação de Joaquim Levy é um ótimo sinal, mas não o suficiente para recuperar a confiança. É preciso esperar pela implantação das medidas. Conta que a matriz do grupo, alemã, preferiu aumentar a produção na China, preterindo o Brasil, por considerar instável a nossa política econômica.

A Stihl Brasil é uma empresa com atuação no país desde 1973. Fabrica ferramentas motorizadas, como motosserras, pulverizadores e roçadeiras. Vai aumentar as vendas internas no país em 16% este ano, depois de um crescimento de 33% em 2013. As exportações sobem 6%, e o faturamento da companhia será maior que R$ 1 bilhão. Com esses números, o Brasil passou de sexto para terceiro entre as filiais do grupo espalhadas pelo mundo.

Segundo o presidente da empresa, Cláudio Guenther, a companhia tem feito um enorme dever de casa para reduzir custos e crescer mesmo com o baixo desempenho da economia. Tem conseguido passar ao largo da crise energética porque em 2010 investiu na geração própria, o que reduziu custos em 30%. Para a escassez de mão de obra, a solução foi gastar pesadamente em treinamento e qualificação:

— Em 2010, investimos R$ 12 milhões em geração de energia. Com isso, não precisei comprar no mercado livre. Também investimos em treinamento de mão de obra, como em pós-vendas, para que o meu produto se diferencie do chinês, que às vezes tem preço mais barato, mas não tem boa assistência técnica.

Mesmo contabilizando números exorbitantes esse ano, em 2015 o executivo espera uma desaceleração nas vendas, para 8%. Lamenta o fato de a matriz alemã ter escolhido a filial chinesa para produzir motores para o grupo.

— Não conseguimos provar para a diretoria que a política econômica do Brasil é estável. A escolha ficou com a China — disse Guether.

Os números da Stihl mostram a força da economia brasileira, mesmo em contexto de crise. A escolha de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda é o primeiro passo para colocar a casa em ordem. Faltam os próximos, para que se restabeleça a confiança e outras oportunidades de investimento estrangeiro não se percam.

 

Estourar a meta ficou frequente

Desde 2011, a inflação no país estourou o teto da meta em 15 meses, como mostra o gráfico. Somente este ano, aconteceu cinco vezes. O dado de novembro divulgado ontem mantém o índice acima de 6,5%, onde flutua desde agosto. A frequência sugere que o BC não tem tido sucesso na execução da política monetária. O mundo passa por um período de preços baixos, com queda das cotações do petróleo e de outras matérias-primas. Por aqui, os preços estão altos mesmo com o PIB estagnado.

 


PRESSÃO NO ATACADO. O índice de preços agrícolas no atacado acelerou de 2,25%, em outubro, para 2,93%, em novembro, na medição do IGP-DI.

CINCO SE SALVAM. Segundo o Iedi, cinco estados vão fechar o ano com a indústria em alta: Pará, Espírito Santo, Mato Grosso, Goiás e Pernambuco.