Após o tumulto e do clima de guerra no plenário da Câmara anteontem à noite, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), passou o dia de ontem sendo cobrado pela oposição por sua atitude de fechar as galerias para evitar novas manifestações. Renan procurou manter a calma e repetiu, ao longo da sessão, o mesmo discurso: cumpria o regimento interno. Ele explicou que alertou os manifestantes, no dia anterior, para que ficassem em silêncio.

Renan voltou a ser alvo de protestos da oposição pela forma como pôs em votação os dois vetos presidenciais que trancavam a pauta. Os parlamentares de PSDB e DEM reclamaram do processo de apuração dos votos, ao qual chamaram de "fraude".

Na prática, Renan criou uma espécie de "apuração on-line", com o monitoramento dos votos assim que os deputados e senadores preenchiam as cédulas de papel e as colocavam nas urnas. Ao contrário da véspera, ele não perdeu a calma.

- É correto tudo que fiz. Cumpri o regimento. Não tenho nada a esconder - disse.

O presidente do Senado decidiu que, ontem, as galerias se manteriam fechadas em função da briga da noite anterior. Ele chegou à sessão do Congresso depois que o vice-presidente da Casa, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), abriu os trabalhos.

Logo de manhã, o deputado Izalci (PSDB-DF) cobrou de Renan a declaração de que as pessoas que se manifestaram na véspera eram "partidarizadas e assalariadas". Alguns manifestantes se disseram ligados ao PSDB, como a aposentada Ruth Gomes de Sá, de 79 anos, que sofreu uma "gravata" dos seguranças. Izalci disse que os manifestantes foram convocados pelas redes sociais.

- O senhor disse que tinha 26 pessoas assalariadas, e Eunício (Oliveira, senador do PMDB/CE) disse que foram pessoas pagas por mim. Mas hoje existem as redes sociais. Essa senhora, quase enforcada, é de Brasília, mas não a conheço - disse Izalci.

- Queria lembrar o seguinte: o presidente do Congresso foi insistentemente procurado pelo deputado Izalci para elevar a cota de ingressos para as galerias. E disse, com humildade, que iriam se partidarizar ainda mais as galerias. E estavam tumultuando os trabalhos do Congresso. Lemos três vezes o regimento e destacamos que poderiam ficar, desde de que ficassem em silêncio - respondeu Renan.

Em seguida, o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), tentou justificar.