Com discurso corporativista , defendendo a independência do Legislativo e prometendo acabar com a "vergonha" que deputado teria , for a da Câmara, de dizer que é deputado, o líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), lançou ontem sua candidatura à presidência da Casa. Em resposta, o líder do PT na Câmara, Vicentinho (SP), disse ontem que o PT lançará na próxima terça-feira, logo após reunião da bancada, seu candidato para enfrentar Cunha. O nome mais provável é o do deputado Arlindo Chinaglia (PT- SP). A eleição está marcada para 1º de fevereiro de 2015. Entre as promessas corporativistas de Eduardo Cunha está a de defender a equiparação salarial entre parlamentares e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Os deputados devem votar um aumento nos subsídios dos ministros do STF de R$ 29,4 mil para R$ 35,9 mil. Cunha re afirmou que sua candidatura é irremovível, e já tem o apoio anunciado de dois partidos — PSC e Solidariedade . Ele ainda acredita que outros vão aderir em breve . —Aconteça o que acontecer , a candidatura ser á levada a plenário em fevereiro de 2015. Com o PMDB na presidência, tivemos ganhos institucionais que garantiram a independência do Legislativo . Não defendo nem oposição nem submissão ao governo . Quer o defender o direito de governabilidade do governo , mas serei respeitoso com a oposição, com o direito de obstruir . Nada mais do que isso , ninguém vai in ventar a roda ou fazer bravata — disse Cunha. — Quer o garantir melhores condições de trabalho para que nossos parlamentares possam exercer com dignidade (sua função) e perder a vergonha de dizer que é deputado for a daqui.

DEZ COMPROMISSOS DE CAMPANHA

Cunha listou 10 compromissos de campanha, incluindo reivindicações corporativas antigas. Além de salários equânimes , prometeu fortalecer a ação da procuradoria parlamentar em defesa da Casa e das prerrogativas dos parlamentares , garantir vagas na Mesa para a bancada feminina; cobrir atividades parlamentares nos estados pela TV Câmara; implementar as emendas individuais impositivas e lutar para que as emendas coletivas sejam impositivas . O candidato do PMDB também prometeu pautar , de forma imediata , as re formas política e tributária e disse que as votações serão definidas no colégio de líderes , uma "pauta democrática" , sem vetos a temas. Cunha disse, no entanto, ser contra a regulação da mídia. O líder do PMDB prometeu licitar e construir novos anexos para acomodar deputados, promessa feita por outros candidatos a presidente que não foi cumprida .

O ato, realizado no Salão Verde, teve como mestre de cerimônias o atual presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, e contou com a presença de deputados de PMDB, Solidariedade e PSC, além do apoio individual de parlamentares de PP , PTB, PR, DEM e PSDB. A candidatura de Cunha é a primeira a ser lançada oficialmente. A oposição diz que apoiará um candidato. O nome mais cotado até o momento é o de Júlio Delgado (PSB-MG). O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que foi eleito deputado e é conhecido por sua postura independente em relação ao governo Dilma, também esteve no evento para apoiar Cunha. O senador apoiou Aécio Neves (PSDB-MG) no segundo turno e chegou a ser procurado por tucanos para ser lançado como nome da oposição na disputa pela presidência da Câmara. Mas Jarbas recusou o convite, alegando que as propostas de Cunha lhe atendiam e que não desejava permanecer isolado em seu partido como ocorreu no Senado.