O anúncio oficial da escolha do senador Armando Monteiro (PTB-PE) para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior ocorreu na segunda-feira, e, no dia seguinte, ontem, a notícia sobre o futuro ministro foi ilustrada por maus resultados obtidos pelo setor industrial em outubro.

De acordo com o IBGE, a indústria teve crescimento nulo no mês e, no período de doze meses, retrocedeu 3,6%, tendência que se mantém há oito meses consecutivos. O Brasil passa por uma retração industrial. O desaquecimento é disseminado: 16 dos 24 segmentos do setor tiveram retrocesso, segundo a pesquisa do instituto.

E para ajudar a compor o quadro de dificuldades à espera de Monteiro, informou-se que a balança comercial fechou o mês de novembro com um déficit de US$ 2,35 bilhões, o pior resultado para este mês em todos os tempos. O governo até admitiu, pela primeira vez, um saldo negativo em 2014, algo que não acontece há 14 anos.

Indústria, na melhor hipótese, estagnada, e comércio exterior ladeira abaixo — caem exportações e importações — compõem um cenário nada animador à frente de Armando Monteiro.

No pronunciamento que fez ao ser confirmado como ministro, ele foi certeiro ao estabelecer uma agenda microeconômica como plano de trabalho. Pois, como disse, a economia brasileira como um todo e a indústria, em especial, padecem de graves problemas de competitividade.

Neste sentido, o futuro ministro estabeleceu como objetivo a desburocratização. Como disse, num enfoque mais amplo, "simplificação, aperfeiçoamento do ambiente regulatório e tributário. Ou seja "reduzir custos sistêmicos".

Há muito o que fazer em termos de microrreformas, no campo da regulação em geral. Basta consultar as péssimas avaliações do Brasil feitas por executivos estrangeiros, na pesquisa "Doing Business", do Banco Mundial.

Monteiro, se cumprir o prometido, ajudará à indústria a recuperar poder de competição externa, bastante prejudicado por essas questões e ainda pelas deficiências clássicas da infraestrutura e logística do país.

No comércio exterior, o futuro ministro espera que saia nos "próximos meses" o acordo entre o Mercosul e a União Europeia. Otimismo excessivo. A política do comércio está, e nada indica que mudará, subordinada à ideologia anacrônica do antiamericanismo militante, e presa a uma Argentina em grave crise e a aliados chavistas, Venezuela à frente, esta em naufrágio.

Um aspecto negativo em potencial da gestão de Monteiro é seu passado de líder empresarial. O futuro ministro, para que a indústria entre num ciclo de modernização, precisará se opor às políticas protecionistas, de reserva de mercado, instituídas nos últimos anos. Se isso acontecer, e é bom que aconteça, Armando Monteiro não deverá esperar aplausos de antigos confrades.