O atual vice-presidente de Varejo do Banco do Brasil, Alexandre Abreu, deve assumir a presidência do BNDES e o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Paulo Rogério Caffarelli, comandará o Banco do Brasil no desenho da futura equipe econômica para os bancos públicos. Os novos ministros Joaquim Levy (Fazenda) e Nelson Barbora ( Planejamento) discutiram esse desenho em reunião na última sexta-feira. Abreu ganhou prestígio junto à presidente Dilma Rousseff quando desenhou, em 2012, o programa Bom Pra Todos e comandou no BB a estratégia de corte das taxas de juros.

O anúncio oficial dos nomes para o BNDES e BB, entretanto, só deve ocorrer após a posse dos ministros da área econômica. A presidente Dilma Rousseff aguarda a aprovação das mudanças na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2014 pelo Congresso Nacional para empossar os ministros. Segundo interlocutores do Palácio do Planalto, Dilma quer evitar que Levy seja responsabilizado por descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), caso os parlamentares não dêem ao governo o sinal verde para realizar um resultado fiscal menor do que o fixado na LDO. Os demais ministros devem ser empossados no dia 02 de janeiro.

- Por que o Levy deve receber uma punição por algo que ocorreu na gestão de Guido Mantega como ministro da Fazenda? - disse uma fonte.

A lei define hoje uma meta mínima de superávit primário de R$ 49,1 bilhões. Assim, caso a mudança não ocorra, os responsáveis pelo resultado fiscal podem receber uma multa equivalente a 30% de sua remuneração anual por descumprimento da LRF.

Levy e Barbosa já estão despachando no Palácio do Planalto e analisando medidas para estimular o crescimento da economia e resgatar a credibilidade da política fiscal em 2015. Na segunda-feira, Levy esteve no Ministério da Fazenda, onde teve reunião com o secretário da Receita Federal, Carlos Alberto Barreto, e com o secretário-executivo, Paulo Caffarelli. Mantega estava em São Paulo.

Na Receita Federal, Levy e Barreto discutiram o comportamento da arrecadação tributária. A recomposição das receitas para reforçar o resultado primário é uma das prioridades da nova equipe econômica. Segundo fontes do Planalto, a atitude do novo ministro foi algo natural de alguém que vai começar a dialogar com o corpo técnico.

A equipe do Tesouro ficou animada com a escolha de Levy para o comando da Fazenda. Segundo os técnicos, muitos dos quais trabalharam com o novo ministro quando ele era secretário do Tesouro, sua chegada ao governo vai ajudar a resgatar a credibilidade da política fiscal. Eles elogiaram, por exemplo, o fato de Levy ter apontado um superávit primário (poupança para o pagamento de juros da dívida pública) de 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e serviços produzidos no país) para 2015 e de 2% do PIB para 2016 e 2017. Também consideraram positiva a sinalização de que haverá uma redução nos aportes do Tesouro para os bancos públicos.

- Os números foram realistas e mostraram uma preocupação com a responsabilidade fiscal - disse um técnico do Tesouro.

A missão de Abreu no BNDES é reestruturar a instituição no novo cenário econômico. A expectativa é de uma alta da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que está em 5% ao ano e corrige os contratos do BNDES. A discrepância entre ela e a taxa básica de juros (Selic, que está em 11,25% ao ano) foi alvo de críticas de integrantes da nova equipe econômica por distorcer o mercado brasileiro e tirar poder do Banco Central no controle da inflação.

Falta definir nome para Previ

Caffarelli terá o desafio de melhorar a imagem do Banco do Brasil no mercado financeiro. A avaliação dentro da instituição é que a ação do BB é subvalorizada pelo entendimento que há ingerência política do Palácio do Planalto no banco.

Falta definir quem comandará a Previ, o fundo de pensão dos funcionários do BB, considerado também estratégico. Um dos cotados para o cargo é o atual vice-presidente de gestão de pessoas do BB, Robson Rocha. Ele é o único petista na cúpula da instituição e próximo do governador eleito de Minas Gerais, Fernando Pimentel, amigo da presidente Dilma Rousseff.