Mais de 20 creches fecharam as portas. Todos os professores e profissionais da Saúde receberam os salários atrasados. Aulas nas escolas públicas acabaram suspensas. Servidores e acompanhantes de doentes internados em hospitais públicos ficaram sem comida. É constante a falta de remédios na farmácia de alto custo. Assim como a greve de motoristas e cobradores de empresas de ônibus, os garis também cruzaram os braços. E, mais recentemente, os funcionários terceirizados. O mato alto está espalhado por todo o lado. Obras, como as do Parque da Cidade, pararam ou estão em ritmo de tartaruga.

A origem de todos os problemas é a mesma: falta de pagamento por parte do Governo do Distrito Federal. Para os especialistas, falta de planejamento. Para muitos, a simples matemática: o GDF gastou mais do que tinha em caixa.

Em meio a esse cenário caótico, a Polícia Militar — em convênio com Detran — e o DER decidiram comprar caminhões papa-cones, ao custo de mais de R$ 2,6 milhões. A alegação é facilitar a retirada dos equipamentos que segregam faixas durante eventos esportivos e nas inversões de faixas em várias vias. Para o Ministério Público de Contas (MPC), o investimento é supérfluo. Por isso, ele encaminhou pedido de investigação ao Tribunal de Contas do DF (TCDF).

Os processos licitatórios são deste ano e foram vencidos pela empresa Max Comércio e Serviços de Caminhões. A PM, em convênio com o Detran, adquiriu três caminhões ao custo unitário de R$ 405 mil. Um deles foi pago em outubro e entregue à corporação. Um segundo está à disposição do Detran para a operação nas ruas e rodovias do DF. Os três veículos totalizaram R$ 1,215 milhão.

O DER também pediu a compra de três unidades em meados deste ano. O problema, nesse caso, foi a diferença em relação aos valores pagos pela PM. Cada caminhão foi licitado a R$ 469,3 mil. O procedimento foi contestado pelo MPC e teve andamento no TCDF. Em decisão do plenário, em 20 de novembro, ficou decidido que a licitação específica sobre a compra dos papa-cones estava suspensa. O motivo: superavaliação dos equipamentos.

Em período tão crítico nas contas do GDF, seria bom questionar também a quantidade adquirida de cones por todos os órgãos públicos locais e outros equipamentos, como o helicóptero do Detran, que ninguém sabe para que serve, quem costuma transportat e qual o custo-benefício para o contribuinte brasiliense.