No dia seguinte à divulgação de um relatório do Senado americano que confirma o uso sistemático de tortura contra suspeitos de envolvimento com a rede terrorista Al-Qaeda, cresceu a pressão para que os responsáveis pelo programa sejam levados à Justiça. Vários países se manifestaram condenando as práticas da agência americana. Entidades de defesa dos direitos humanos pediram investigações criminais sobre o caso. O senador democrata Mark Udall acusou a Agência Central de Inteligência (CIA) de continuar mentindo para as autoridades e exigiu a renúncia do diretor da instituição, John Brennan. “É ruim o suficiente que funcionários não sejam processados, mas recompensá-los e promovê-los é incompreensível. O presidente precisa limpar a administração”, disse.
O relatório da Comissão de Inteligência do Senado, da qual Udall faz parte, constatou que as práticas de tortura executadas por agentes da CIA após os ataques de 11 de setembro foram muito mais “brutais” do que o reportado pela agência. Segundo o jornal The Hill, o senador acusou Brennan e a CIA de continuarem a “fornecer deliberadamente informações imprecisas e falsas sobre a eficácia da tortura”. “A CIA está mentindo. Este não é um problema do passado, isso está acontecendo hoje”, acusou.
Pela primeira, o presidente Barack Obama se pronunciou em público sobre a questão e evitou fazer acusações sobre as técnicas violentas de interrogatório, aplicadas durante a gestão de George W. Bush. O democrata atribuiu as pressões decorrentes dos ataques de 11 de setembro à decisão de iniciar o programa, mas salientou que a guerra ao terror não pode ser uma desculpa para “assegurar que isso não ocorra novamente. “No pós-11 de Setembro, no meio de um trauma nacional e da incerteza sobre uma possível repetição dos ataques, o que fica evidente é que a CIA montou algo extremamente rápido sem pensar com cuidado antes”, ponderou. Obama garantiu que proibiu “explicitamente” a tortura.
O alto comissário da ONU para direitos humanos, Zeid Raad al-Hussein, afirmou que os Estados Unidos, que ratificaram a convenção da ONU contra a tortura de 1994, têm a obrigação de responsabilizar os culpados. “Em todos os países, se alguém comete assassinato, é julgado e preso. Se estupram ou assaltam, são julgados e levados à prisão. Se alguém ordena, permite ou comete tortura, que é reconhecida como um sério crime internacional, essa pessoa não pode ter a impunidade garantida por conveniência política”, afirmou Al-Hussein.

apoio Depois de a ONU pedir que o caso não fique impune, organizações como a Anistia Internacional e o Human Rights Watch (HRW) engrossaram o coro por investigações. “O fracasso da administração Obama em responsabilizar os envolvidos em torturas coloca em risco que essas práticas fiquem como uma política opcional para quando outra inevitável ameaça de segurança surgir”, observou Kenneth Roth, diretor da HRW. 
A American Civil Liberts Union (Aclu) solicitou que o promotor-geral Eric Holder indique um procurador especial para investigar os crimes relativos ao programa, sem necessidade de pedir autorização à promotoria. “É um informe atormentador. É impossível lê-lo sem sentir uma imensa indignação pelo fato de nosso governo estar envolvido nesses crimes terríveis”, disse Anthony Romero, diretor executivo da Aclu. Michael Bochenek, diretor de direito e política da Anistia Internacional, avaliou que funcionários e cidadãos americanos mencionados no relatório podem ser alvo de investigações internacionais e até presos, caso saiam dos EUA. 
Ao redor do mundo, aliados dos americanos expressaram apoio à revelação dos casos, mas lamentaram que a aplicação da tortura. Líderes de países rivais aos EUA aproveitaram para criticar Washington. O líder supremo do regime iraniano, aiatolá Ali Khamenei, condenou a “hipocrisia” americana no que tange aos direitos humanos. “Eles clamam pelos direitos humanos e atropelam o básico dos direitos humanos nas prisões, na interação com nações e até com a própria população”, declarou Khamenei, em sua conta no Twitter. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Hong Lei, afirmou que o país se opõe consistentemente à tortura e que os Estados Unidos precisam “corrigir seus caminhos, respeitar e seguir as regras das convenções internacionais relacionadas ao tema”.