A Petrobras está em tamanho inferno astral que mesmo com as cotações das ações derretendo não aparece nenhum Warren Buffett ou outro investidor/especulador bilionário disposto a aproveitar os preços de liquidação. Além do momento desfavorável para empresas de petróleo em geral, a Petrobras vive uma crise particular, com revelações escandalosas a cada dia. Diante dessa situação, as mais variadas ilações começam a surgir.

Uma delas, não totalmente descabida, seria o fechamento do capital da companhia, mesmo que temporariamente, com o sócio majoritário se dispondo a recomprar os papéis em poder do mercado (em troca de títulos do Tesouro de médio prazo). O problema é que as finanças públicas estão tão debilitadas, que embora possa ser um ótimo negócio, talvez não haja uma fórmula capaz de viabilizar a transação.

A propósito

Na madrugada do dia 6, um sábado, a refinaria Abreu e Lima processou a primeira carga de petróleo. Quando estiver funcionando a pleno vapor, a refinaria, localizada no Complexo de Suape (Pernambuco) vai produzir mais de 200 mil barris diários de óleo diesel, volume próximo ao que o país importa atualmente.

Rejeito valioso

Um dos grandes problemas da exploração de minério de ferro é a quantidade de rejeitos que a atividade gera, especialmente na região do quadrilátero ferrífero (entre Belo Horizonte e Conselheiro Lafaiete), onde é preciso retirar do minério bruto alguns componentes, de modo que o teor de ferro se eleve a uma proporção acima de 60%, tornando-o mais rico e adequado à fabricação de aços nobres. Nesse processo de concentração do minério, pelos métodos convencionais, utiliza-se volume considerável de água (cerca de três metros cúbicos por tonelada). Assim, as mineradoras são obrigadas pela legislação a construir barragens seguras para depositar os rejeitos, sempre com risco de impacto ambiental. Esse material ainda contém minério numa proporção inferior a 40%. Há duas semanas, em Brumadinho, uma companhia (Green Metais) começou a tratar rejeitos a seco, com uma tecnologia inovadora, já devidamente patenteada em vários países por seu principal formulador, Denner Siqueira.

A totalidade do rejeito é aproveitada, pois dele é retirada a argila (matéria-prima para a indústria de cerâmica) e sílica (areia) apropriada para a construção civil. Assim, o antigo resíduo volta a ser um minério com mais de 60% de teor de ferro. A planta está a 500 metros de um terminal ferroviário em Brumadinho. O primeiro lote de dez mil toneladas de minério proveniente de rejeitos enriquecidos estava programado para ser embarcado no início desta semana. O desenvolvimento dessa tecnologia pode permitir no futuro que até os minérios mais pobres passem a ter valor . No quadrilátero ferrífero de Minas Gerais, até no meio da rua encontra-se minério com teor baixo de ferro, na proporção de 19%. O município de Brumadinho poderá ser um dos primeiros a tratar a água das barragens das mineradoras. Nesses tempos de crise hídrica, qualquer solução para se poupar água é bem-vinda.

Ibitipoca

A região de Ibitipoca, próxima a Juiz de Fora, foi uma das primeiras a ter seus rios explorados em busca do ouro, já no fim do século XVII. Registros históricos indicam que ali teria surgido o terceiro núcleo urbano do que viria a ser Minas Gerais. Havia pouco ouro, e logo a busca do metal se concentrou no Rio das Mortes (São João del Rey) e em Mariana/Ouro Preto. Por suas características geográficas e formação rochosa, Ibitipoca acabou tendo uma região lindíssima preservada, transformada em parque estadual na década de 1970. Por falta de atividade econômica rentável, a região se tornou decadente e empobrecida.

Há seis anos, Renato Machado, empresário de Juiz de Fora, com negócios na construção civil e no ramo imobiliário, levou adiante uma iniciativa pioneira de um irmão e um primo, adquiriu várias propriedade e agora está criando um verdadeiro cinturão de proteção ambiental em volta do parque, com reflorestamento progressivo de áreas que antes eram pastagens. Cerca de 25% desse cinturão, que equivalem a quatro vezes o tamanho do parque (cuja visita é imperdível, pela beleza de seus desfiladeiros, paredões, e vistas panorâmicas), estão sendo aproveitados para um turismo refinado. Até uma pista de pouso para pequenos aviões foi construída ali. A reserva de Ibitipoca é cheia de surpresas, como, por exemplo, a série de esculturas gigantes interessantíssimas feitas com sucata metálica, obra de uma artista americana. Esta semana vou postar no blog fotos dessa visita. É um empreendimento de tirar o chapéu.