“Somos todos americanos”. É essa frase em espanhol do presidente norte-americano Barack Obama, tirada do seu pronunciamento na tevê da última quarta-feira, a que melhor resume as intenções de seu gesto histórico de “normalizar” as relações diplomáticas com Cuba. O bloqueio político e comercial imposto pelos Estados Unidos à ilha comandada com mão de ferro pelos irmãos Castro desde 1959 sempre foi o maior ruído nas tentativas de diálogo do gigante do Norte com a América Latina. Sem esse item dissonante sobre a mesa, abre-se o caminho para passos mais avançados rumo à cooperação hemisférica.
Com boa dose de realismo, além da preocupação de agregar um derradeiro bom registro à sua biografia de Nobel da Paz, antes de encerrar a passagem pela Casa Branca, Obama ousou remover um dos últimos muros ideológicos criados no século 20. É verdade que o Estado cubano continua sendo uma ditadura clássica, sem qualquer zelo pelos direitos humanos. Mas também é fato que o mundo pós-guerra fria permitiu a ascensão de novos jogadores globais, com destaque para a China, além de ter tornado o comércio internacional mais selvagem e de ter cobrado mais pragmatismo de todos países.

O antiamericanismo e os governos populistas latino-americanos deixarão agora de se nutrir de uma velha cantilena, a de que Washington nunca ligou de verdade para o restante do continente americano, vide o castigo cinquentenário de Washington contra os pobres cubanos. Por outro lado, essa é a grande chance de chacoalhar a estagnada ilha caribenha, dependente essencialmente do tripé formado por turismo, exportação de médicos e transferências de recursos das nações aliadas e de imigrantes.
A eventual abertura à maior economia do planeta traria vantagens mútuas para EUA e Cuba, graças ao simples fato de a costa cubana estar a 130 quilômetros da Flórida. Já se estima que os 3 milhões de turistas estrangeiros na ilha todos os anos vão se multiplicar imediatamente por três, graças ao sinal verde dado esta semana pelo Departamento de Estado dos EUA. Isso representará o ingresso de mais US$ 15 bilhões no país, 25% do seu esquálido Produto Interno Bruto (PIB).
E o Brasil? O que ganha com isso tudo? Nada. A presidente Dilma Rousseff se apressou em alardear o acerto de o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) ter financiado US$ 800 milhões das obras do Porto de Mariel, tocadas pela Odebrecht. Há dúvidas se esse esforço todo tinha como pano de fundo uma visão estratégica, baseada na perspectiva do fim do embargo econômico dos EUA, agora nas mãos do Capitólio, cuja configuração atual é totalmente contrária a isso.

Parceria

Não há também a chance imediata de uma nova Aliança para o Progresso, da era John Kennedy, unindo Los tres amigos — Brasil, EUA e Cuba (no lugar do México) — num paralelo do clássico dos Estúdios Disney. Nos últimos anos, Brasil e Cuba estreitaram laços graças à amizade entre seus governantes. O comércio bilateral saltou de US$ 92 milhões, em 2003, para US$ 625 milhões, no ano passado.
Hoje, o Brasil é o terceiro maior parceiro de Cuba, superado pela China e pela Venezuela, que importa médicos e vende petróleo subsidiado. Enquanto isso, Cabedelo (PB), o mais oriental porto brasileiro, não recebeu um tostão do BNDES e sequer teve o plano de investimento avaliado.

Varejo on-line
está otimista

» Comodidade e preço competitivo continuam impulsionando o comércio eletrônico brasileiro, na contramão do pessimismo do varejo convencional. Os canais de venda na rede também apelaram para prazo maior para pagamento e frete grátis para engordar os negócios. Segundo a consultoria E-bit, só nos seis primeiros meses do ano, 5 milhões de consumidores aderiram à modalidade. O Brasil tinha 17,6 milhões de compradores on-line em 2009. Ao fim de 2014 esse número deve chegar a 63 milhões. E a receita anual do setor deve passar de R$ 35 bilhões.

Novas rotas para a
América do Norte

» A TAM lançou ontem uma nova conexão entre Nova York e Toronto, no Canadá, além de uma nova rota direta entre Brasília e Orlando, nos Estados Unidos. Nos próximos dias, também serão lançadas três novas frequências que vão tornar diário o voo regular da companhia aérea entre a capital federal e Miami (EUA). Os novos voos serão operados com aeronaves Boeing 767-300ER. O modelo está configurado com 191 lugares na Classe Econômica e outros 30 na Premium Business, recentemente lançada pela empresa e com destaque para o conforto. A operação até Toronto começa a partir de 29 de março de 2015.

Custo hospitalar
dispara em 2014

» As despesas hospitalares aumentaram 13,3%, em termos reais, em 12 meses até setembro último, conforme levantamento da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp). O crescimento foi o dobro da inflação geral, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), registrada no mesmo período, de 6,6%. A principal despesa dos hospitais privados é a de pessoal, que representa 43% do total. A segunda maior despesa são os insumos hospitalares, com uma participação de 29,5%. Dos nove itens analisados, os contratos técnicos e operacionais foram os que mais subiram: 77,6%.