Cercada pelo marido, Jorge Murad, e pelo pai, o ex-presidente José Sarney, a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB), renunciou ao cargo na manhã de ontem. Em cerimônia realizada no Palácio dos Leões, ela entregou sua carta de renúncia ao presidente da Assembleia Legislativa, Arnaldo Melo (PMDB), que ficará no cargo até o dia 31, já que o vice-governador, Washington Luiz Oliveira (PT), foi nomeado conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Maranhão (TCE-MA).

Em seu discurso, Roseana fez um balanço de suas quatro gestões e enfatizou, por duas vezes, que não se despede da vida política.

- Isso não é um discurso de despedida - disse ela: - Não digo adeus. Esse é meu estado.

Na última eleição, Roseana desistiu de disputar uma vaga no Senado, contrariando as expectativas de seu grupo político. Ao sair do governo antes do último dia de mandato, ela evita passar a faixa a seu sucessor, Flávio Dino (PC do B), que derrotou Lobão Filho (PMDB), apoiado por ela e por sua família, no primeiro turno das eleições.

A medida lembra o que o ex-presidente João Baptista Figueiredo adotou em 15 de março de 1985, quando se recusou a passar a faixa presidencial ao vice-presidente eleito, José Sarney, empossado em decorrência da doença de Tancredo Neves. Figueiredo considerava Sarney "um traidor", por ter trocado o PDS pela Frente Liberal.

Roseana tem planos de se afastar não só do governo mas também do país. Ela deve tirar férias e passar ao menos três meses na Flórida (EUA). Em nota divulgada anteontem, ela diz que fará isso "por recomendações médicas". 

( Especial para O GLOBO )